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Polícia de São Paulo tenta esvaziar manifestação contra a Copa

Pelo menos uma dezena de ativistas recebeu uma intimação para comparecer no mesmo dia e hora do próximo protesto

María Martín
Documento recebido pelos manifestantes.
Documento recebido pelos manifestantes.reprodução

Pelo menos uma dezena de pessoas receberam hoje um documento da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Trata-se de uma intimação para comparecer ao departamento da Polícia Civil que investiga o crime organizado no próximo sábado dia 22, às 16 horas. Coincidentemente, mesmo dia e horário previsto para o segundo ato contra a Copa em São Paulo, convocado um mês atrás.

A polícia não costuma intimar suspeitos de crime para prestar depoimentos nos finais de semana.

O documento pede aos destinatários que compareçam na delegacia “trajados adequadamente” para esclarecimentos nos autos do inquérito policial que investiga os crimes de danos e formação de quadrilha.

Vários participantes habituais de manifestações começaram a compartilhar no Facebook a intimação. Muitos deles surpresos por nunca terem sido presos pela polícia ou por não serem partidários da violência nos protestos. Todos eles chamaram a atenção para a coincidência da convocatória com o protesto. “Eu participo dos protestos desde que o Gigante acordou. Quando recebi a intimação pensei: Tanta gente para intimar e vão mandar justo pra mim? Não quebro nada e sou contra a violência… Sou apenas um manifestante. Posso até organizar manifestações. Mas e daí?", explica um dos destinatários da carta que quer manter o anonimato.

“Eu já fui abordada e parada várias vezes nos atos, mas nunca fui detida. E no papel não aparece meu nome, e sim meu nome do face! Eu acho que o que eles querem é amedrontar!”, conta outra das convocadas.

A intimação que, no texto, apela aos “bons préstimos”, adverte no final do documento que o intimado não pode faltar porque estará sujeito às penas da lei. Em concreto, o artigo 330 do Código penal que define os crimes de desobediência e desacato. Punidos com multa e com prisão de15 dias até seis meses.

Procurada ontem, a Secretaria de Segurança Pública não se pronunciou. Hoje, a Secretaria confirmou que há depoimentos programados "como parte das investigações que apuram práticas criminosas em manifestações". A Secretaria, porém, não se manifestou sobre a coincidência dos depoimentos com o protesto. "Parte dos depoimentos acontece neste sábado. Outros serão programados nos próximos dias. Desde outubro, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) já realizou mais de 80 depoimentos", diz a nota.

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