Pepe redime Cristiano Ronaldo
O Real Madrid fica a três pontos da liderança na Liga após vencer o Espanyol com um gol do zagueiro, depois de uma partida monopolizada pelas finalizações do atacante
O Real Madrid já tem a Liga Espanhola a seu alcance depois de um passeio pelo estádio Cornellà-El Prat. Jogou com uma comodidade impressionante diante do sumiço do Espanyol. Nunca teve dúvidas de que conseguiria rentabilizar o empate de sábado entre o Atlético de Madri e o Barcelona, no Vicente Calderón. Nunca foi exigido e, se o encontro esteve sempre aberto em termos de placar, foi mais por sua falta de pontaria do que pela ameaça de um adversário ausente, vítima de um pacote de infortúnios: a ansiedade de Thievy, a suspensão de Sergio García e a contusão de David López. Ninguém sabe se o Espanyol vai subir ou descer na tabela, neste momento ele está numa terra de ninguém, confuso, escravo do discurso populista de Javier Aguirre, um técnico especialista na otimização de recursos.
O próprio Real Madrid foi o principal adversário do Real Madrid, um time de momentos, que às vezes joga muito bem, outras vezes muito mal, capaz de protagonizar minutos excelentes ou decadentes, ora candidato a ganhar de quem apareça pela frente, ora a perder pontos no campo mais vulgar do campeonato. Neste domingo, poderia ter vencido por goleada e acabou o jogo defendendo um magro 1 a 0. Não precisou dos gols de Cristiano Ronaldo, surpreendentemente desafinado na véspera da eleição do Bola de Ouro, para construir a superioridade no placar. Conseguiu com um lance de bola parada e o gol de Pepe. A sensação foi de que a vantagem poderia ter sido ampliada quando o Real quisesse, dado o caráter inofensivo do Espanyol.
ESPANYOL, 0 - REAL MADRID, 1
Espanyol: Kiko Casilla; Javi López, Colotto, Héctor Moreno, Fuentes; Raúl Rodríguez; Torje (Lanza, min 65), Víctor Sánchez, Álex (Simão, min 65), Stuani (Pizzi, min 83); e Córdoba. Não utilizados: Germán; Sidnei, Capdevila e Abraham.
Real Madrid: Diego López; Carvajal (Arbeloa, min 91), Pepe, Sérgio Ramos, Marcelo; Modric, Xabi Alonso, Di María; Bale (Jesé, min 76), Benzema (Illarra, min 89) e Cristiano Ronaldo. Não utilizados: Casillas; Nacho, Morata e Isco.
Gol: 0 x 1, min 55, Pepe.
Árbitro: Teixeira Vitienes. Mostrou cartão amarelo para Modric e Córdoba.
Cornellà-El Prat. 32.131 espectadores.
Estranhamente preguiçoso, o Real Madrid levou 15 minutos para entrar no jogo, confuso por sua própria formação (4-3-3), sobretudo porque Di María e Modric não se encontravam em campo para trabalhar juntos pelo meio. Atrapalhou também o jogo do Espanyol, intenso na defesa, excelente na recuperação de bolas, muito bem distribuído no campo (4-1-4-1), protegido por Raúl Rodríguez como volante defensivo e animado pela entrada de Torje pela direita. Os escanteios se sucediam na área de Diego López. Os zagueiros do Real não defendiam bem o jogo aéreo, e os atacantes não chegavam ao gol defendido por Casilla.
A vitalidade azul e branca contrastava com a submissão do time de laranja, cor do uniforme usado pelos jogadores de Ancelotti, irreconhecíveis desde a entrada em campo, como se não tivessem muito a buscar no duelo de Cornellà. Nem sequer houve manifestações por parte da torcida do Real presente ao feudo do Espanyol. Ao Real, no entanto, bastou uma jogada para acabar com a tranquilidade inicial do time da casa. Benzema dominou a bola, subiu pela ponta, passou por seu marcador e deu um passe de gol para Cristiano Ronaldo.
Ainda que Cristiano tenha perdido o gol, no que foi um anúncio da má tarde que teria o português, os jogadores de Aguirre se assustaram de tal maneira que, a partir daí, o primeiro tempo se transformou em uma sessão de finalizações do camisa 7. Cristiano Ronaldo arrematou quatro vezes, bolas que pararam nas mãos ou pés de Casilla. O Real jogava fácil diante do derretimento tático e físico do Espanyol, um time em que só se salvava Córdoba, um búfalo no ataque e na defesa, onipresente nas duas áreas, especialmente a do time dele.
O duelo ficou tão fácil para o Real Madrid que jogou com mais autossuficiência do que interesse, sem tensão nem elaboração, nada preocupado nem seletivo, sobrando em campo. Estava impossível para o Espanyol. Fora da partida, o time da casa nem atacava nem se defendia, incapaz de interromper o jogo, um amontoado que acabou sendo punido em uma jogada de bola parada, uma falta lateral, quando parecia ter encontrado um alívio no seu esforço. Modric cruzou na área, e Pepe cabeceou sozinho na área do Espanyol para fazer o gol.
Diante da falta de precisão de Cristiano Ronaldo, nada melhor do que recorrer à potência de Pepe e confiar nas jogadas de Modric e Carvajal, que desequilibravam a defesa rival. Bale, no entanto, não deu as caras. Nem sequer quando o Real Madrid não aproveitou os espaços deixados nem quando o Espanyol tentou ir mais à frente (no 4-4-2). Os dois melhores contra-ataques acabaram em dois arremates infelizes de Cristiano: um saiu à direita de Casilla, muito cruzado, o outro foi defendido pelo goleiro, em jogada que havia começado com precioso passe em profundidade de Di María.
Com o atacante português confuso e perdido, o Real Madrid acabou o jogo de péssima maneira, como um time pequeno, dependendo das substituições, do relógio e dos caprichos do futebol, personalizados em Córdoba, que esteve a ponto de superar Diego López na última jogada. Nenhuma novidade, em mais uma das muitas viagens do Real Madrid que acabaram resolvidas pela contagem mínima. Talvez a vitória ajude a estabilizar o jogo do Real Madrid que, depois de muito esforço, finalmente conseguiu se colocar a uma partida, a uma vitória, dos inseparáveis líderes Atlético e Barcelona.
O campeonato afunila e o madridismo é candidato ao título, da mesma maneira que Cristiano espera ganhar a Bola de Ouro. Diminui sua desvantagem o Real Madrid, tão necessitado de troféus individuais e coletivos, excessivamente irregular em seu futebol. Mesmo quando o rival não aperta, como aconteceu com o Espanyol, que sequer chutou na direção do gol, sem encontrar seu destaque Álex, sem energia depois de jogar os primeiros 15 minutos com certo mérito. A defesa do Real segurou as pontas no início e, depois, resolveu as coisas com Pepe. Mais do que suficiente para uma vitória tão indiscutível quanto valiosa. Vai o Real Madrid, de vitória em vitória, mais apertada ou mais folgada, em busca da liderança do Campeonato Espanhol.
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