_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

A aposta de Santos

O diálogo de paz na Colômbia se fortaleceu, mas agora começa o caminho mais difícil

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, acaba 2013 com ventos favoráveis para a sua candidatura à reeleição, no próximo mês de maio. A economia confirma sua solidez com um crescimento de 5,1% no terceiro trimestre. As pesquisas mostram uma recuperação da sua popularidade, que tinha caído a 29%. E o diálogo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) completa seu primeiro ano com resultados concretos: os acordos sobre terras e desenvolvimento fundiário e sobre participação política, dois dos seis pontos da pauta.

Restritas por critérios muito rigorosos, para evitar que se repitam os fiascos anteriores, as conversas transcorrem com seriedade. Mas agora começa o caminho mais difícil. Quando o Governo e a guerrilha voltarem a se encarar em Havana, no próximo 13 de janeiro, faltarão ainda negociar a questão do narcotráfico (uma das principais fontes de financiamento das Farc), a situação das vítimas, o fim do conflito e a aplicação dos acordos. Fica implícito o assunto mais delicado: o futuro jurídico dos guerrilheiros, particularmente dos seus líderes. As vítimas e a opinião pública, e aí as pesquisa são implacáveis, dificilmente aceitariam uma saída que abra a porta para a impunidade.

Com uma rejeição popular de 93%, as Farc pretendem que os acordos desemboquem em uma Assembleia Constituinte para “refundar o país”. Já previram inclusive a sua composição: 141 representantes, dos quais eles se atribuem uma quota por designação, poupando-se do irritante trâmite de passar pelas urnas. Cabe recordar que a Colômbia adotou em 1991 uma Constituição definida por amplo consenso.

Editoriais anteriores

Está claro que o Governo não deve ceder nisso nem deve se furtar ao seu compromisso de submeter a referendo os acordos que saiam da negociação.

Aproximam-se meses arriscados para o diálogo. Não só porque as Farc continuem ensanguentando o país (neste ano o grupo perpetrou mais de 2.000 ações violentas, uma média semelhante à de 2010), mas também por sua simultaneidade com a campanha eleitoral que agora começa.

Santos apostou forte, e sua audácia merece reconhecimento. Mas misturar objetivos e ceder à tentação de apressar um acordo teriam consequências catastróficas para o futuro do país, além de atrasar o tão necessário processo de reconciliação depois de meio século de confronto.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_