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Kim Jong-un executou o tio para ter o controle dos negócios do país

O conflito pelos direitos sobre as exportações de minérios acabou com o poderoso Jong Song-thaek, segundo os serviços de espionagem da Coreia do Sul

Kim Jong-uma visita o mausoléu de seu pai, nesta terça-feira.
Kim Jong-uma visita o mausoléu de seu pai, nesta terça-feira.KCNA (EFE)

O expurgo e a execução do tio de Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, ocorreram por causa de sua ampla participação nos negócios do país, disse na segunda-feira um chefe da espionagem da Coreia do Sul, o que contradiz comentários de que a queda de Jang Song-thaek se deveu a uma luta de poder com o sobrinho.

O conflito começou pelos direitos comerciais sobre as exportações de minérios para a China, das mais lucrativos na Coreia do Norte. Os negócios de Jang criaram uma luta política interna em Pyongyang que levou à sua queda, segundo a agência de espionagem. Os rivais de Jang dentro do Exército revelaram ao jovem líder as práticas empresariais corruptas do tio e seus assessores.

“As tensões entre os órgãos de poder na Coreia do Norte vinham aumentando na questão dos privilégios e abuso de poder de Jang Song-thaek e seus colaboradores”, disse Nam Jae-joon, o diretor do Serviço de Inteligência Nacional, a parlamentares sul-coreanos durante uma audiência a portas fechadas na segunda-feira, de acordo com a agência Yonhap. Os comentários de Nam foram transmitidos durante uma entrevista à imprensa por Jeong Chang-era e Cho Won-jin, dois porta-vozes da comissão parlamentar, depois da reunião.

Forças militares da Coreia do Norte foram deslocadas para recuperar o comando sobre uma das fontes das tais exportações. Os aliados de Jang, que até sua queda era considerado o segundo homem mais poderoso do país, resistiram às ordens de Kim, que queria assumir o controle de numerosos negócios do tio. Essa reação foi percebida como uma ameaça por Kim, que muitos acreditam que considerava o tio de 67 anos uma ameaça à sua autoridade, e rapidamente tomou providências, explicou Nam.

Em seguida, dois dos principais lugar-tenentes de Jang foram executados. Dias depois, Jang foi denunciado publicamente, julgado e executado por corrupção, dilapidação de bens estatais e promiscuidade.

Dada a falta de transparência do governo norte-coreano, muitos detalhes da luta entre Kim e seu tio continuam obscuros. O que se conhece sugere que Kim tem o poder consolidado e eliminou um potencial rival, mas o fez a um alto custo. O confronto público entre duas facções revelou uma cisão dentro da elite nacional pelo controle dos benefícios das poucas transações comerciais do país.

"Parece que não há um grande problema relacionado com o poder de Kim Jong-un, já que o expurgo de Jang Song-thaek não foi o resultado de uma luta de poder”, disse Nam.

Alguns antigos sócios de Jang permanecem no círculo central do poder norte-coreano, sem mudanças visíveis em suas funções políticas, segundo a agência. Kim Kyong-hui, tia do ditador e mulher de Jang, está viva, com boa saúde, e continua na mesma posição na hierarquia política.

A mudança mais importante, para a agência, foi a ascensão do general Kim Won-hong, ministro de Segurança do Estado, junto com Choe Ryong-hae, que alguns especialistas consideram o sucessor de Jang.

Quarto teste nuclear

Devido ao aumento da atividade militar e o fortalecimento das unidades de artilharia ao longo da zona desmilitarizada, Nam previu mais provocações por parte da Coreia do Norte entre janeiro e março. E acrescentou que Pyongyang está preparada para levar adiante um quarto teste nuclear, embora isso não queria dizer que seja iminente.

Durante sua primeira visita à zona desmilitarizada desde que subiu ao poder em fevereiro, a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, disse nesta terça-feira que tinha de enfrentar as provocações norte-coreanas de modo “firme e inflexível”, segundo informou a Yonhap.

"Como todos sabemos, a situação e as condições de segurança na península coreana são muito graves. A situação interna da Coreia do Norte é inquietante e, portanto, aumentam as preocupações de provocações do Norte”, disse Park durante uma visita a um posto de observação com vista da fronteira.

A agência de inteligência também negou os rumores, surgidos insistentemente na mídia local, de que assessores de Jan tenham fugido para a China, em busca de asilo na Coreia do Sul.

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