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Bolívia lança na China seu primeiro satélite de telecomunicações

O presidente Evo Morales presencia na base de Xichang a decolagem do 'Túpac Katari'

Lançamento do primeiro satélite boliviano em Xichang.
Lançamento do primeiro satélite boliviano em Xichang.EFE

A Bolívia, um dos países mais pobres de América do Sul, já tem seu primeiro satélite de telecomunicações no espaço, graças à China. O presidente boliviano, Evo Morales, assistiu, pessoalmente, na primeira hora deste sábado, ao lançamento do satélite Túpac Katari por meio de um foguete Larga Marcha 3B a partir da base de Xichang, na província central chinesa de Sichuan. A decolagem se deu às 00h42 (horário da Bolívia). E pouco tempo depois entrou em órbita terrestre. Túpac Katari é o nome de um herói indígena aymara que lutou no século XVIII contra a colonização espanhola.

Morales expressou sua alegria pelo sucesso da decolagem.”É uma homenagem a este povo que lutou tanto por sua libertação”, disse, de acordo com o diário boliviano La Razón. “Enfim, o povo boliviano será liberto da falta de comunicação”, assegurava, pouco antes da decolagem. “Será nossa luz após “tantos anos vivendo na escuridão, o sofrimento e a dominação dos impérios”. Milhares de cidadãos seguiram a operação em telas gigantes instaladas nas praças das principais cidades de Bolívia, incluindo La Paz, transmitida ao vivo pela televisão nacional.

O presidente chinês, Xi Jinping, enviou uma mensagem de felicitação a Morales, dizendo que o satélite “fará importantes contribuições para promover a cooperação entre a China e os países latino-americanos”. Túpac Katari é o quinto satélite de comunicações chinês feito para um cliente internacional, e o segundo que foi colocado em órbita para um país latino-americano. O primeiro foi para Venezuela, em 2008.

O Túpac Katari foi produzido pela China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC) e tem uma vida útil de 15 anos. Segundo Iván Zambrana, diretor da Agencia Boliviana Espacial (ABE), o equipamento estará operando totalmente em março e ajudará a reduzir os custos das comunicações – graças aos aluguéis economizados com satélites estrangeiros - e melhorar os serviços de televisão e Internet. Também será utilizado para educação a distância e telemedicina.

O projeto, com um orçamento de 302 milhões de dólares, teve 85% do valor financiado com crédito do Banco de Desenvolvimento da China, informa a agência France Press. Mas seu alto custo foi criticado, dado o alto índice de pobreza na Bolívia. Túpac Katari é fruto do acordo assinado em dezembro de 2010 entre a ABE e a companhia chinesa Great Wall Industry - uma filial de CASC - para fabricar um satélite de comunicações em La Paz.

As ambições espaciais bolivianas não param por aqui. O Governo de Morales está considerando lançar um segundo satélite para monitorar os recursos naturais do país. “Ainda estou sonhando com um próximo satélite focado na prospecção, para saber o que temos exatamente na Bolívia no âmbito de recursos naturais”, disse Morales no início do mês, durante a inauguração da primeira estação terrestre de controle de satélites Amachuma, na cidade de El Alto, próxima a La Paz, segundo a agência oficial chinesa Xinhua.

O lançamento foi o ponto alto da visita oficial de três dias - de quinta a sábado - que Morales fez à China para impulsionar os relacionamentos políticos e econômicas entre os dois países. A operação espacial virou motivo de orgulho para seu Governo, e o dia 20 de dezembro será incluído no calendário patriótico nacional.

Durante sua estada em Pequim, o presidente sul-americano reuniu-se com seu homólogo chinês, Xi Jinping, a quem informou sobre o interesse da Bolívia em receber mais empresas chinesas e prometeu um melhor meio para os investimentos. Também se reuniu com o primeiro-ministro, Li Keqiang. No encontro com Xi na quinta-feira no Grande Palácio do Povo –sede da Assembleia Popular Nacional-, os dois líderes comprometeram-se a desenvolver projetos de cooperação nos setores mineiro, energético, aeroespacial, agrícola, de alta tecnologia, financeiro e infraestruturas. Também impulsionarão a pronta criação de uma parceria sino-latinoamericana para promover a colaboração ampla entre ambas partes.

O comércio bilateral entre China y Bolívia chegou a 516 milhões de dólares nos oito primeiros meses deste ano, 18% mais que no mesmo período de 2012, segundo dados das alfândegas chinesas, recolhidos pela imprensa de Pequim. Os dois países estabeleceram relações diplomáticas há 28 anos.

Esta é a terceira visita de Morales à China, e nesta ocasião recorreu a sua infância para evidenciar suas conexões com o país asiático. Na entrevista com Xi, contou que aprendeu sobre o fundador revolucionário da República Popular da China, Mao Zedong, quando criança, e que quando pequeno costumava pastorear as ovelhas com uma bandeira nacional chinesa na mão.

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