_
_
_
_
_

Neymar ao quadrado

Diante da ausência de Messi, contundido, o atacante brasileiro assume a liderança azul-grená, mas sem chegar a concorrer com o astro argentino, enquanto Cesc ganha maior protagonismo

Neymar, durante o jogo contra o Chile.
Neymar, durante o jogo contra o Chile.ELSA (AFP)

Embora Messi seja insubstituível como o melhor jogador do mundo, o Barça há tempos busca soluções para combater a messidependência sentida durante suas ausências, normalmente por contusão, como é o caso agora, quando passará seis a oito semanas afastado. Assim se explica a contratação de Neymar, um jogador que por enquanto assume a liderança sem a necessidade de concorrer com o camisa 10.

O brasileiro assume a convivência com o argentino, como ocorreu no “clássico” contra o Real Madrid e no “dérbi” contra o Espanyol, e ao mesmo tempo marca as diferenças na ausência dele, situação que já ocorreu no jogo de ida da Supercopa, no estádio Vicente Calderón, do Atlético de Madrid. Neymar, porém, dificilmente sai jogando como falso 9, o posto reservado a Messi. Habitualmente, ele parte da ponta esquerda para varrer o comando de ataque quando é preciso. Aconteceu diante do Valladolid e em Glasgow.

A equipe de Martino cobriu de forma colegiada o déficit de gols deixado por Messi

O jogador que ocupa o espaço demarcado para Messi é Cesc Fàbregas. O exemplo mais recente disso se deu no estádio Benito Villamarín, do Betis, depois de já ter acontecido em Málaga, em Pamplona e contra o Celtic, na Liga dos Campeões. O próprio volante catalão afirmou depois da partida: “Sei que não figuro entre os 11 titulares do professor”. Cesc só atuou como atacante na presença de Messi, que regressou à lateral, durante a visita do Real Madrid ao Camp Nou.

Cesc e Neymar, portanto, se ocupam de substituir Messi. A solução é tão evidente que a seguinte declaração chegou a ser atribuída ontem ao brasileiro: “O Tata [apelido do treinador Gerardo Martino] já trabalhava comigo e com Fàbregas para minimizar uma possível lesão do Leo [Messi]”. A declaração divulgada por um site foi desmentida pelo jogador e pelo clube. O trabalho coletivo de ambos aparece refletido nas estatísticas: Neymar soma cinco gols e oito assistências, e Cesc tem cinco e nove, respectivamente.

Também aumentou o protagonismo de Alexis, seja como terceiro atacante – como companheiro de Neymar e Messi – ou como solista. O chileno deixou de depender do argentino e das traves, e hoje é capaz de resolver de maneira individual: já marcou sete gols na Liga Espanhola, um a menos que Messi, quem, além disso, soma seis na Liga dos Campeões. A participação de Pedro (6 gols), decisivo fora de casa, tem sido igualmente importante, maior do que a de Tello.

Messi não foi decisivo quando entrou contra o Osasuna, na sua única partida como reserva, e a única em que o Barça perdeu dois pontos

A equipe já se acostumou de alguma maneira a cobrir de forma colegiada o déficit de gols deixado por Messi em relação a anos anteriores. No final da 13ª. rodada da temporada passada, Messi já havia marcado 19 gols. O camisa 10 é agora o segundo maior finalizador da Liga Espanhola (54 chutes a gol), bem abaixo de Cristiano Ronaldo (103), que, além disso, tem o dobro de gols (16 a 8). O argentino também concluiu um ciclo em que marcou pelo menos um gol contra cada um dos adversários na Liga Espanhola. “Messi é o melhor, e sempre será. É Deus pelo que deu a esta equipe. O Barça sempre dependerá dele, porque ele é o melhor do mundo”, afirma Valdés.

A contusão sofrida por Messi em Paris não só complicou a situação da equipe na última Liga dos Campeões, especialmente na eliminatória contra o Bayern, como também condicionou a equipe a seguir o rumo atual. O elenco reitera que Messi não tem substituto quando está em forma, e, para evitar dramas, afirma que ele pode ser substituído coletivamente se não alcançar seu nível máximo. Messi não foi decisivo quando entrou em campo contra o Osasuna, na sua única partida como reserva, e a única desde o início do campeonato em que o Barça cedeu dois pontos. Já campeão da Supercopa, o Barça permanece invicto na Liga Espanhola (é líder com três pontos de vantagem) e na Liga dos Campeões (já garantiu vaga nas oitavas, com duas rodadas de antecedência). Em 19 partidas, o time catalão soma 15 vitórias e quatro empates. Messi só deixou de participar de três confrontos nessa série, e todos acabaram com vitória: Málaga, Valladolid e Glasgow (0 x 1).

O Barça se preocupa com a ausência de Messi na mesma medida em que confia na forma encontrada para substituí-lo.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_