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Centrista Macron amplia vantagem nas pesquisas no fim da campanha na França

Candidata ultradireitista Marine Le Pen deixa último ato, em Reims, sob vaias

Silvia Ayuso

Os rostos dos dois candidatos ao Eliseu no último dia de campanha confirmavam o que as pesquisas indicam: uma grande vantagem para o candidato centrista, Emmanuel Macron, que se consolidou com mais dois pontos à frente de sua adversária de extrema direita, Marine Le Pen. Enquanto o líder do movimento En Marche! [Em Frente!] circulava sorridente em seu retorno a Paris, parando para cumprimentar pessoas e fazer fotos com apoiadores, uma Le Pen transtornada era obrigada a se retirar às escondidas de uma visita à catedral de Reims, fugindo de manifestantes que, mesmo com o seu ato não tendo sido anunciado previamente, apareceram para protestar contra sua presença às portas desse simbólico monumento.

Emmanuel Macron saúda simpatizantes durante evento.
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Uma última fornada de pesquisas mostrou nesta quinta-feira um aumento da vantagem de Macron. Quatro sondagens o apontavam como vencedor com 62% dos votos, uma quinta, com 63% e outra com 61,5% -— taxas superiores às médias registradas nas últimas semanas. A atuação ruim que teve durante o debate de duas horas e meia realizado na quarta-feira, em que exibiu um tom extremamente agressivo e fez afirmações recheadas de falsidades, prejudicou Le Pen, especialmente junto ao eleitorado que ela mesma buscou atrair para si nas últimas duas semanas de campanha: o da esquerda alternativa, que votou em Jean-Luc Mélenchon, líder da France Insoumise [França insubmissa], no primeiro turno. Segundo pesquisa do Ipsos, se os “insubmissos” que pensam em votar em Le Pen no domingo chegavam a 19% até três dias atrás, eles agora são apenas 11%. Dos melenchonistas, 51% afirmam que irão votar em Macron.

Outro dado devastador para a candidata que conseguiu levar a extrema direita a uma final presidencial pela segunda vez na história moderna da França é o elevado índice de segurança de voto, que faz com que as variações por parte dos eleitores até o domingo devam ser mínimas: 84% dos entrevistados se declaravam seguros de seu voto no domingo.

Últimos atos de campanha

Ciente da vantagem que leva, Macron encarou o último dia de campanha de forma bastante relaxada. Antes de retornar a Paris por volta do meio-dia e posar com apoiadores, ele fez uma visita à catedral de Rodez, no sul do país.

Paradoxalmente, o local escolhido por sua adversária para a primeira visita do dia também foi uma catedral. Mas desde o primeiro momento as coisas saíram mal para Le Pen, que, desde quarta-feira, parece ter perdido a segurança e a energia dos primeiros dias de campanha.

Acompanhada de seu aliado eleitoral e eventual primeiro-ministro Nicolas Dupont-Aignan, Le Pen chegou pela manhã à catedral de Reims, onde eram coroados tradicionalmente os reis da França. A visita não foi anunciada previamente, mas a notícia circulou com rapidez na cidade e dezenas de manifestantes se reuniram no local para vaiar a candidata da extrema direita, que teve de sair por uma porta lateral da catedral a fim de evitar o encontro com as pessoas, que ela acusou de serem militantes do En Marche! e do France Insoumise. Sua aparição de surpresa foi rechaçada também pelo prefeito da cidade, Arnaud Robinet (dos Republicanos), que a instou nas redes sociais a “não perder tempo” com uma visita à “cidade da reconciliação franco-alemã, uma cidade que tem os olhos voltados para a Europa, uma cidade da paz”.

Outro ato de repúdio a Le Pen foi realizado nesta sexta-feira, em Paris, junto a um dos símbolos da capital francesa, a Torre Eiffel. Ativistas do Greenpeace conseguiram subir de manhã bem cedo no monumento parisiense, onde penduraram uma bandeira na qual se lia o lema da República Francesa “liberdade, igualdade, fraternidade” e uma mensagem: “resistamos”.

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