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Hacker ameaçou Marcela dizendo ter áudio para comprometer Temer

EL PAÍS teve acesso ao relatório da polícia que investigou a quebra de sigilo do celular da primeira-dama A pedido de Marcela, juiz ordena que jornais não publiquem informações do celular hackeado

Marcela e Michel Temer, em outubro passado, em Brasília.
Marcela e Michel Temer, em outubro passado, em Brasília.Beto Barata/PR

O caso envolvendo o vazamento de dados do celular da primeira-dama da República, Marcela Temer, foi além de possíveis fotos pessoais e familiares que existiriam no aparelho. O hacker Silvonei José de Jesus Souza condenado por clonar o telefone dela tentou extorquir 300.000 reais para não vazar também o áudio de um vídeo que, segundo ele, poderia comprometer o presidente Michel Temer (PMDB).

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As informações constam do processo de julgamento de Souza e foram divulgadas primeiramente pelo jornal Folha de S.Paulo. O EL PAÍS teve acesso ao material, que inclui o processo judicial, com mais de 1.000 páginas e um relatório da Polícia Civil. O conteúdo do áudio ou os supostos dados íntimos de Marcela Temer não estão no processo. Nas conversas, Souza chantageia a primeira-dama, que reage negando que o registro obtido pelo hacker poderia prejudicá-la.

Souza foi condenado a cinco anos e dez meses de prisão pelos crimes de estelionato e extorsão. Entre o cometimento do crime a condenação passaram-se apenas seis meses, um prazo considerado célere, levando em conta a morosidade do Judiciário brasileiro. O crime foi cometido em abril do ano passado. O julgamento em primeira instância foi concluído em outubro. O hacker está preso em São Paulo.

A rapidez no esclarecimento desse crime contou com a extrema colaboração da Polícia Civil paulista que, sob a ordem do então secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, montou uma força-tarefa para investigar o delito. Foram cinco delegados e 25 investigadores dedicados a essa causa. Depois que a investigação avançou, Moraes foi empossado no Ministério da Justiça e, na última semana, indicado pelo presidente para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal.

Os nomes de Temer, Marcela e do irmão dela, Karlo Augusto Araújo, não aparecem no processo a pedido dos advogados do presidente (na época do delito era vice-presidente de Dilma Rousseff). Os codinomes dos três são: Tango, Mike e Kilo, respectivamente. Quando questionado pela Folha de S.Paulo, a Presidência da República informou que a fala do hacker, citada pelo jornal, está “fora de contexto” e teve o objetivo de chantagem e extorsão.

Momentos depois de a Folha publicar a reportagem, decisão do juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, de Brasília, atendeu ao pedido de Marcela Temer ordenou que a publicação “se abstenha de dar publicidade a quaisquer dados e informações obtidas no aparelho celular” de Marcela Temer sob pena de multa diária de R$ 50 mil. A decisão também faz referência ao jornal O Globo. A Folha foi notificada da decisão na manhã desta segunda-feira e retirou a reportagem do ar. No recurso, o jornal protesta dizendo que a decisão de Raposo Filho é "censura".

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