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Trump admite que deve construir muro na divisa com México com dinheiro norte-americano

Presidente-eleito afirma que o México “pagará a conta mais tarde”

Silvia Ayuso
Cerca na fronteira entre EUA e México em McAllen, Texas.
Cerca na fronteira entre EUA e México em McAllen, Texas.JOHN MOORE
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A equipe de Donald Trump entrou em contato com o Congresso para ver como podem iniciar a construção de um muro na fronteira do país com o México, usando dinheiro norte-americano. Isso representaria uma ruptura total de uma de suas principais promessas de campanha: de que seria o país vizinho quem arcaria com todos os gastos. Em um tuíte nas primeiras horas desta sexta-feira, Trump mais uma vez chamou a imprensa de “desonesta” por noticiar os planos, apesar de não desmenti-los. Segundo o republicano, a ideia é continuar passando a conta para o México, ainda que implicitamente tenha reconhecido que os Estados Unidos teriam que adiantar os gastos.

“A imprensa desonesta não informa que qualquer quantia gasta na construção da Grande Muralha (por questões de rapidez) será paga pelo México mais tarde”, tuitou Trump, que dentro de duas semanas assumirá a Presidência norte-americana.

O plano de Trump, segundo adiantaram fontes do Congresso à rede CNN, é lançar mão de uma lei de 2006, aprovada pelo Governo de George W. Bush mas nunca implementada integralmente, que autoriza a construção de mais de 1.100 quilômetros de “barreira física” na fronteira sul dos Estados Unidos. Para financiá-la, a equipe do presidente-eleito quer introduzir a cláusula na lei orçamentária que deve ser submetida à aprovação pelo Congresso até abril. A aposta republicana é forçar os democratas a aceitar a lei para evitar uma dispendiosa paralisação do Governo.

Como a Administração de Barack Obama não aproveitou a lei de 2006 e esta não tem data para expirar, ela serviria “para podermos começar a cumprir a promessa de campanha de Trump de proteger a fronteira”, disse à CNN o congressista republicano Luke Messer. Ao incluir o orçamento na lei geral de despesas, “os democratas poderiam se ver na situação de ter que parar todo o governo para impedir a construção de um muro, uma barreira ou uma cerca”, acrescentou.

Apesar da clara negação de parte das autoridades do México, Trump sempre afirmou que será o país vizinho quem vai pagar a conta do muro. No plano divulgado em abril do ano passado, o então pré-candidato afirmou que se o México não fizer “um pagamento único de um valor entre 5 e 10 bilhões de dólares” para custear a obra, ele suspenderia as bilionárias remessas que os emigrantes mexicanos enviam a cada ano a seu país e que constituem a segunda maior fonte de renda do México, após as exportações de veículos, um setor também ameaçado por Trump.

Sean Spicer, nomeado por Trump como porta-voz da Casa Branca durante seu mandato, afirmou, nesta sexta-feira, à rede ABC, que o presidente-eleito negociará com o México o pagamento do muro, ainda que o país vizinho se negue. “Ele continuará conversando com eles, seja através de tarifas mais altas ou de um pagamento direto”, disse.

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