Juiz argentino julgará Cristina Kirchner por corrupção
Ex-presidenta é acusada de formação de quadrilha e fraude na concessão de obras públicas
A ex-presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, recebeu uma má notícia na Justiça. Dias antes do início do recesso de fim de ano, o juiz Julián Ercolini resolveu indiciá-la por suposta formação de quadrilha destinada a desviar recursos de obras públicas para a Austral Construções, propriedade de um empresário vinculado ao kirchnerismo. A decisão judicial inclui também um embargo de 666 milhões de dólares (2,1 bilhões de reais) contra a ex-presidenta.
O início do processo contra a ex-mandatária significa que o juiz encontrou motivos suficientes para iniciar ação contra Kirchner, medida que lhe permitirá, se considerar necessário, impedir que ela saia do país e inclusive decretar sua prisão preventiva. O juiz Ercolini investigará agora uma suposta cadeia de responsabilidades que começa com a ex-presidenta e descende por toda a estrutura oficial de obras públicas. Por isso, o processo não se limita a Kirchner e alcança também o ex-ministro de Planejamento, Julio De Vido, Lázaro Báez, dono da empresa investigada e preso por suposta lavagem de dinheiro, e o ex-secretário de Obras Públicas, José López. Este último está detido desde que a polícia o encontrou jogando sacolas cheias de dólares ao interior de um convento nos arredores de Buenos Aires.
Esta é a segunda vez que Cristina Kirchner é processada desde que deixou o poder, em 10 de dezembro de 2015, mas é a primeira vinculada a uma ação por corrupção. Em outro processo, a Justiça investiga a ex-mandatária por uma operação com venda de dólar futuro por parte do Banco Central. Neste, os promotores denunciaram ao juiz que houve um "plano criminoso" montado pela Casa Rosada para favorecer a Austral Construções, empresa que durante a gestão kirchnerista obteve contratos viários de cerca de 3,3 bilhões de dólares (10,6 bilhões de reais). Uma auditoria da Vialidad Nacional [autarquia responsável por manter e ampliar a rede de estradas na Argentina] realizada pelo Governo de Mauricio Macri determinou que houve pagamento de sobrepreços de até 50% em algumas dessas obras, no valor total de 1 bilhão de dólares (3,27 bilhões de reais).
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