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Coreia do Sul afasta sua presidenta do poder

Park Geun-hye está envolvida em um escândalo de corrupção, após a prisão de uma aliada

Macarena Vidal Liy
Park Geun-Hye, durante seu discurso para a nação em 29 de novembro de 2016.
Park Geun-Hye, durante seu discurso para a nação em 29 de novembro de 2016.Jeon Heon-Kyun (EFE)

O Parlamento da Coreia do Sul aprovou nesta sexta-feira a remoção da presidenta Park Geun-hye do cargo por seu envolvimento no escândalo de corrupção vinculado a sua amiga Choi Soon-sil. Park foi automaticamente suspensa de suas funções, à espera de que o Tribunal Constitucional decida sobre a legalidade da moção de destituição parlamentar. Até então, em um processo que pode levar seis meses, ficará no cargo o primeiro-ministro Hwang Kyo Ahn.

A moção dos três principais partidos da oposição, apoiada por dezenas de parlamentares do próprio partido de Park, o conservador Saenuri, obteve 234 votos, 34 além dos 200 necessários para levar adiante a destituição. Somente 56 deputados se pronunciaram contra.

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A destituição da presidenta é o ponto culminante de um escândalo que deixou a popularidade dela no nível mais baixo registrado até hoje para o cargo na Coreia do Sul, em torno de 5%. Durante os últimos dois meses, todo o fim de semana houve manifestações maciças nas ruas para exigir a saída da chefe de Estado. Segundo os organizadores, na manifestação de sábado em Seul participaram 1,7 milhão de pessoas, que chegaram até poucos metros da Casa Azul, a residência presidencial.

No cerne da polêmica se encontra Choi, amiga íntima de Park e acusada de ter utilizado seus laços com a presidenta para obter favores em diversas instituições e, sobretudo, “doações” milionárias de alguns dos principais conglomerados do país. Embora esse dinheiro tivesse como destino, em teoria, uma fundação sem fins lucrativos que Choi dirigia, ela é acusada de ter embolsado uma parte.

À medida que o caso foi sendo desvendado se descobriu que Choi, que nunca ocupou nenhum cargo público, teve acesso a documentos sigilosos e participou da redação de discursos oficiais da presidenta. Choi, que passou a ser apelidada de “Rasputina”, é filha do pregador Choi Tae-min, que desde os anos 70 e até sua morte exerceu influência de natureza pouco clara sobre a jovem Park. Um informe da Embaixada dos Estados Unidos, de 2007, vazado pelo WikiLeaks, indicava que “proliferam os rumores de que o falecido pregador teve controle completo sobre o corpo e a alma de Park durante os anos de formação dela e que seus filhos acumularam como resultado, uma enorme riqueza”.

Park, filha do ex-presidente sul-coreano Park Chung-hee, deixou claro que esgotará todas as vias possíveis para se manter no cargo. Desde o começo do escândalo pediu desculpas à nação em três ocasiões, pela televisão, sem conseguir esclarecer os fatos. Na semana passada pôs seu cargo à disposição do Parlamento, em uma tentativa de bloquear os movimentos para a apresentação da moção de destituição. Somente conseguiu ganhar uma semana. A votação, que os partidos da oposição queriam ter realizado na sexta-feira passada, ficou marcada definitivamente para hoje.

O mandato de Park expiraria no final e 2017. Se o Tribunal Supremo ratificar sua destituição, serão antecipadas as eleições, que terão de ser realizadas em um prazo de 60 dias após a decisão da corte.

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