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Alejandro Martinuccio: “Me salvei porque me lesionei”

O argentino, que já jogou no Villarreal, estava entre os jogadores da Chapecoense que ficaram no Brasil “É um momento muito difícil”, disse

Felipe Betim
Os jogadores que não viajaram com a Chapecoense à Colômbia rezam por seus companheiros.
Os jogadores que não viajaram com a Chapecoense à Colômbia rezam por seus companheiros.Darci Debona (RBS) (EPV)
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Vários jogadores da Chapecoense não embarcaram no avião rumo a Medellín. Perdiam, certamente, a partida mais importante de suas vidas. O que não sabiam é que, por não terem sido convocados, iam salvá-las. Entre eles está Alejandro Martinuccio, um jogador argentino que teve uma passagem pelo futebol espanhol em 2012, quando fez parte da equipe do Villarreal. Está há um ano no Brasil jogando na Chapecoense, mas uma lesão o deixou fora da final da Copa Sul-Americana, o segundo torneio de clubes mais importante do continente. “Estava me recuperando de uma lesão que sofri há dois meses e não viajei. Me salvei por isso”, disse Martinuccio que, ao saber da notícia do acidente, dirigiu-se às instalações do clube em Chapecó, onde se reuniu com os outros colegas do time que não foram convocados. Foram oito no total: Ramos de Lima, Neném, Bruno Costa, Boeck, Andrei Alba, Dalmoro, Moisés e Martins Constante.

“É um momento muito difícil, acordei com esta notícia. Todo mundo estava me ligando. As coisas acontecem, e não sei o porquê. É muito difícil imaginar o que poderia ter acontecido. Todo mundo está muito triste, é muito difícil”, disse o jogador, de 28 anos, em uma entrevista concedida a vários meios de comunicação, incluindo o EL PAÍS.

A partida que seu time disputaria nesta quarta-feira refletia, segundo disse, “a fome da equipe de ser grande”. Martinuccio afirmou que ainda está “digerindo” a notícia. Mas destaca que só tem boas lembranças de seus colegas. “Trabalhar aqui era muito bom. Ninguém aqui estava com raiva”, disse o argentino, que expressou seu apoio às famílias das vítimas. “Agora temos de pensar em nossos filhos. Eu mesmo tenho três. É muito difícil pensar que poderia estar no avião. Mas agora temos que ter força e seguir.”

Entre os que não viajaram estava Ivan Tozzo, vice-presidente do clube. Tozzo, que tinha tudo planejado para ir a Medellín, mudou de ideia no último minuto. “É costume viajar com os atletas para apoiá-los. Eu estava na lista para ir com eles, mas, no último momento, desisti. Foram poucos os que ficaram. A maioria da nossa comissão estava lá”, disse o vice-presidente da Chapecoense. “É uma tristeza muito grande saber que todos nossos jogadores, nossos colegas, estavam no voo. A Chapecoense é um motivo de alegria para toda nossa região. A cidade inteira está triste”, disse.

Tozzo, ao saber do ocorrido, dirigiu-se ao estádio, onde os familiares dos falecidos começaram a se reunir. “Muitos estão desmaiando”, afirmou. “Não sei nem o que dizer a eles. Mas Deus sabe o que faz; esperamos que possam encontrar mais sobreviventes. Não consigo falar. Vamos tentar prestar todo o apoio possível às famílias.”

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