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Bombardeios em Aleppo deixam dois milhões de civis sem água

Dezenas de vítimas continuam presas sob os escombros sem poder receber ajuda

Civis feridos neste sábado em pronto-socorro de Alepo
Civis feridos neste sábado em pronto-socorro de AlepoKARAM AL-MASRI (AFP)
Juan Carlos Sanz

Alepo está sofrendo os piores bombardeios em cinco anos e meio de guerra civil na Síria. Desde a noite de sexta-feira, bombas e mísseis lançados ininterruptamente pelo regime sobre os bairros rebeldes fazem as casas tremerem como em um terremoto. As informações de observadores e socorristas indicam que uma centena de civis morreram nos ataques registrados até o meio-dia (horário local) deste sábado, enquanto dezenas de vítimas continuam presas sob os escombros sem poder ser ajudadas. A ameaça de doenças aumenta sobre os cerca de dois milhões de habitantes da cidade dividida, segundo a Unicef, depois do corte de abastecimento de água causado pela destruição de duas estações.

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A agências das Nações Unidas para a Infância alerta para o fato de que os bombardeios impedem que se faça o conserto das instalações de tratamento de água tanto no lado leste de Alepo, onde 250.000 civis permanecem isolados há mais de dois meses nos distritos controlados pelos rebeldes, como na parte oeste, que está sob controle das forças governamentais e é habitada por 1,5 milhão de pessoas. Segundo a Unicef, avizinha-se uma tragédia na saúde, em especial para as crianças, caso os rebeldes se vejam obrigados a beber água de poços contaminados por resíduos de esgoto.

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, afirmou na ONU neste sábado que o bombardeio realizado há uma semana pela coalizão que combate o EI no país, liderada pelos Estados Unidos, foi intencional, informa a agência France Presse. Dessa forma, ele recusou as explicações de Washington, que afirma que se tratou de um equívoco.

“O governo sírio avalia que os Estados Unidos são totalmente culpados por esta agressão, porque os fatos mostram que se tratou de um ataque intencional e não de um equívoco, embora os Estados Unidos afirmem o contrário”, disse Muallem durante a Assembleia Geral da ONU.

Depois do fracasso da diplomacia e da trégua que fora acordada entre EUA e Rússia, os ataques aéreos e de artilharia do regime de Bachar el Asad, apoiado pela aviação russa e por combatentes iranianos e libaneses xiitas, causaram 47 mortes nesta sexta-feira, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, embora fontes de hospitais e das equipes da defesa civil falem em uma centena de vítimas fatais. O Observatório, que possui uma ampla rede de informantes nas áreas afetadas, afirmou que até o meio-dia (hora local) deste sábado haviam sido contabilizadas mais 25 mortes por bombardeios.

A destruição sofrida pela cidade é sem precedentes no atual conflito. Ruas inteiras com dezenas de edifícios acabaram devastadas, depois de sofrer incêndios incontroláveis. A organização Médicos Sem Fronteiras informa que os hospitais estão sobrecarregados. A Defesa Civil, os chamados Capacetes Brancos, tem apenas dois veículos para a unidade de bombeiros e suas ambulâncias estão ficando sem combustível. Mal conseguem operar à noite, em uma área urbana sem iluminação por causa dos apagões. "A maioria das vítimas ainda está sob os escombros; nossas equipes foram reduzidas pela metade", disse à Reuters Ammar al Shlemo, porta-voz do serviço de emergência na área rebelde de Aleppo.

Os bairros da região leste, como Al Qalasa e Bustan al Qasr, foram os mais atingidos na ofensiva do Exército de al-Assad e agora se assemelham a uma paisagem de crateras. O regime está avançando por partes depois de aniquilar os focos de resistência rebelde e forçar os moradores a fugir, obrigados pela destruição de suas casas ou pelo medo de bombas que não explodiram. O distrito de Handarat caiu neste sábado nas mãos das forças governamentais, de acordo com fontes de ambas as partes citadas pela France Presse, que lançaram um dilúvio de mísseis contra as posições rebeldes.

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