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Novos documentos vinculam família Macri com offshore nas Bahamas

Outro vazamento de informações revela empresas ocultas do Grupo Socma

Federico Rivas Molina
Presidente Mauricio Macri em Nova York, em 19 de setembro de 2016.
Presidente Mauricio Macri em Nova York, em 19 de setembro de 2016.Telam

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) conseguiu de novo. Após a comoção que provocou com os chamados Panama Papers, o grupo teve acesso agora a informação confidencial de 175.000 empresas ocultas criadas nas Bahamas. A nova lista revela que o Grupo Socma, propriedade da família do presidente argentino, Mauricio Macri, investiu em abril de 2000 cerca de 10 milhões de dólares (32 milhões de reais) na sociedade ViajesYa.com, voltada ao turismo na internet. Os recursos foram canalizados através do grupo de investimento Galicia Advent Socma Private Equity Fund, registrado nas ilhas Cayman. O jornal argentino La Nación, que publicou os documentos, esclareceu que nem Macri nem seu pai, Franco Macri, figuram diretamente como donos da empresa. O presidente argentino também não era diretor do Socma na época, embora fosse acionista.

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Os Macri disseram ao La Nación que a sociedade foi declarada perante as autoridades tributárias argentinas, o que os exime de qualquer delito. “O Socma participou como investidor minoritário, convidado pelo Banco Galicia, que tinha capacidade de financiamento. Os projetos do Socma eram na Argentina. A decisão de comprar 10% da ViajesYa.com foi do Galicia”, disse uma fonte vinculada ao grupo citada pelo jornal. O novo vazamento de documentos, conhecido como Bahamas Leaks, confirma a relação entre a família Macri e as Bahamas que os Panama Papers já haviam revelado. O presidente argentino figurava ali como vice-presidente e diretor da empresa Fleg Trading entre 1998 e 2008. A Justiça investiga se o mandatário omitiu sua vinculação com a empresa na declaração juramentada que apresentou quando era chefe de Governo da cidade de Buenos Aires (2007-2015).

Em 30 de maio passado, Macri anunciou a repatriação de 1,25 milhão de dólares (4,1 milhões de reais) que tinha depositados nas Bahamas. Na ocasião, ele disse que possuía esse dinheiro nas ilhas porque o banco onde estava o depósito, Merrill Lynch, foi comprado por outro, que enviou o montante a esse paraíso fiscal de forma alheia à sua vontade. Macri é filho de um dos empresários mais ricos do país e declarou uma fortuna pessoal de 7,5 milhões de dólares (24,75 milhões de reais).

Os documentos revelam também que os filhos do ex-presidente argentino Fernando de la Rúa (1999-2001), Antonio e Fernando, tiveram participação em duas sociedades radicadas nas ilhas: Furia Investments Holdings Inc e Bonds Cay Development Bahamas LTD. Antonio, casado com a cantora colombiana Shakira entre 2000 e 2011, foi vice-presidente das duas empresas e Fernando, secretário. O primeiro inscreveu-se com um domicílio em Nassau, capital das Bahamas, e o segundo na Argentina. O ex-presidente De la Rúa disse ao jornal alemão Süddeutstche Zeitung, fonte do vazamento, que nunca se envolveu nos negócios dos filhos nas Bahamas. “Shakira e Antonio moraram juntos nas Bahamas durante muitos anos e tiveram muitos negócios lá”, afirmou.

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