Na reta final, Michel Temer volta a pressionar aliados para acelerar impeachment
Apoiadores de petista preveem derrota, mas esperam virar dois ou três votos no julgamento
O presidente interino Michel Temer (PMDB) tem pressionado alguns de seus aliados no Senado a desistirem de discursar na sessão desta terça-feira para que a votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT) ocorra no máximo até a madrugada de quarta-feira. A pressa dele decorre da viagem que tem agendada para a China na noite da própria quarta, onde pretende participar de reunião com empresários sino-brasileiros e do encontro do G20 (grupo que congrega a União Europeia e os 19 países mais ricos do mundo)
Se a votação do impeachment acontecer apenas durante a manhã de quarta, há uma forte possibilidade de que ela se estenda até a tarde e não daria tempo de Temer ser empossado na função antes de embarcar rumo à Ásia. Isso tudo, claro, se o impeachment prosperar como tem sido desenhado no Congresso Nacional nas últimas semanas. O Palácio do Planalto diz ter entre 59 e 61 votos favoráveis ao impedimento de Rousseff. Para que ela perca o cargo do qual está afastada desde 12 de maio, são necessários os votos de 54 dos 81 senadores.
Senadores do PMDB relataram que conversaram com Temer e alguns de seus auxiliares que insistiram na celeridade da votação. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que coordena os trabalhos, anunciou que a tendência é que sejam esgotados os discursos hoje e a votação seja apenas amanhã.
Nenhum parlamentar desistiu de discursar até as 16h30 de hoje. Mas alguns estão falando menos do que os dez minutos a que têm direito. Ao todo, há 66 inscritos. Os discursos iniciaram pouco depois das 14h. Pelas contas do Senado, os debates deverão durar 11 horas. Dessa maneira, deveriam acabar por volta de 1h de quarta-feira.
Se não conseguir ser empossado até o início da tarde de amanhã, Temer terá de cancelar o encontro com os empresários e adiar para o sábado uma reunião que pretendia ter na sexta-feira com o presidente chinês, Xi Jinping.
Na outra frente de batalha, os aliados de Rousseff tentam ao menos ter uma derrota digna. Vários admitem que dificilmente conseguirão virar os seis ou sete votos necessários para impedir o impeachment, mas acreditam que se conseguirem convencer ao menos três senadores a não apoiarem o impedimento demonstrarão que a “aeronave de Temer não irá navegar em céu de brigadeiro”, conforme relatou um dos articuladores de Rousseff.
Esse parlamentar acredita que ao menos 25 colegas dele votarão contra o impeachment – número insuficiente para barrar a deposição. A ideia permanece sendo a mesma que Rousseff teve quando decidiu se defender pessoalmente no Senado na segunda-feira. Se for para cair, que seja de pé.
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