Conte chega ao Chelsea e diz aos jogadores que só conhece um verbo: “trabalhar”
Na sua apresentação ao clube inglês, o treinador italiano repete várias vezes a palavra “lutar” e diz ver no elenco a garra e atitude que buscava
Antonio Conte foi apresentado na tarde desta quinta-feira como técnico do Chelsea. Apareceu na sala de imprensa do clube inglês com dez minutos de atraso, emocionado, feliz e sorridente. Bronzeado, de terno e gravata e falando inglês. “Estudei muito e continuarei estudando muito, me desculpem se hoje eu precisar lhes pedir que repitam as perguntas”, observou o treinador italiano. Só fez isso duas vezes. Repetiu até dez as palavras “lutar” e “paixão”. Seus mandamentos.
Conte, que voltou para a Itália depois de cair eliminado pela Alemanha na Eurocopa, no último dia 3, aterrissou em Londres na segunda-feira passada, trabalhou dois dias com a equipe e nesta sexta viaja para a pré-temporada na Áustria.
“Os jogadores sabem o que os espera?”, perguntaram ao técnico, conhecido por exigir o máximo dos seus soldados. “Trarei para cá minha metodologia, minha ideia e meu pensamento. Foi para isso que o Chelsea me contratou. A mensagem que transmiti aos jogadores na primeira conversa foi que sou um trabalhador, que eu gosto de trabalhar e que é a única maneira de ganhar. Só conheço este verbo: trabalhar, trabalhar e trabalhar”, respondeu Conte, que diz ter visto a atitude correta no elenco.
Os jogadores lhe esperavam ansiosos. Guus Hiddink, seu predecessor, se limitava a anunciar a escalação, e depois Terry e Cesc Fábregas ordenavam a equipe dentro de campo. Bonucci, numa entrevista ao Mirror, deu aquela que é talvez a melhor definição de Conte. “Na Itália o apelidamos deChefão. Seu impacto na Premier será imediato. Ninguém via nenhuma chance de a Itália ir bem na Eurocopa, e no entanto só a Alemanha nos parou, nos pênaltis. Conte adora os líderes, mas não tolera jogadores que se acham mais importantes que ele. É o boss, se você o escuta e demonstra respeito vai perceber na hora que ele é um dos melhores chefes do futebol”, disse o zagueiro italiano.
“Acabamos de começar a trabalhar, cada treinador tem seu método e sua filosofia, e eu quero transmitir a minha: trabalhar fisicamente, tecnicamente, taticamente e mentalmente para sermos fortes e superarmos as dificuldades. Quero jogadores com a máxima disponibilidade para se encharcar disto, e vi jogadores preparados para lutar. Se conseguirmos transmitir paixão e entusiasmo será uma grande vitória. Eu vivo o futebol com paixão, não sei se é bom ou ruim, mas não sei fazer outra coisa, e quero que a torcida e os jogadores vejam isso nos jogos, porque durante a semana se trabalha duro”, afirmou Conte, o quinto técnico italiano no banco do Chelsea, depois de Vialli, Ranieri, Ancelotti e Di Matteo.
The Special One ou The Special Work?
Uma jornalista mencionou José Mourinho, que em sua primeira entrevista coletiva no Chelsea se intitulou The Special One (o especial), e perguntou que apelido ele escolheria para si. “Sou ruim de apelidos, vamos ver se durante a temporada vocês encontram algum”, respondeu. “Poderia ser The Special Work (o trabalho especial)?”, insistiu mais tarde um jornalista italiano. “Não, não. Deixemos os apelidos para a imprensa inglesa”, esquivou-se.
Não quis falar de mercado, de contratações nem de saídas. Tampouco de como jogará seu Chelsea “Faz só dois dias que estou aqui. Sempre procuro diferentes posições para os meus jogadores, na Itália eu gostava de dizer que o treinador é como um alfaiate, que tem que fazer o melhor terno para a equipe respeitando as características e o talento dos jogadores. No passado comecei com uma ideia e fui mudando porque vi que esse sistema não se adaptava aos jogadores, não é importante a defesa de 3 ou de 5, e sim a garra”, disse.
O desafio mais difícil? “Não sei”, respondeu, recordando que quando chegou à Juventus a equipe vinha de dois sétimos lugares consecutivos. Com ele, conseguiu três scudetti seguidos. Durante a Eurocopa, mexeu com os jogadores dizendo que todos consideravam a seleção italiana uma equipe medíocre, que não chegaria longe. Motivou-os a lutar contra isso.
Na tarde desta quinta, em Londres, começou a fazer o mesmo. Quando lhe perguntaram quem ganharia o Campeonato Inglês (o Chelsea terminou em décimo na temporada passada com 50 pontos, a 31 do Leicester e a 16 das vagas da Champions), respondeu: “Será uma liga difícil, espero que quem ganhar mereça. Espero que nós, embora nos subestimem, estejamos aí para surpreender. Isto precisa nos estimular, precisa ser uma fagulha para nos animar a começar, para então se transformar num incêndio”. Conte em estado puro.
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