Michel Temer negociou propina para Chalita, diz delator da Lava Jato
Sergio Machado, o novo homem-bomba, implicou 19 políticos do PMDB, PT, PSDB, DEM, PSB e PCdoB
O ex-senador e ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, implicou o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) no esquema de desvio de recursos da Petrobras. É a primeira vez que o nome de Temer aparece oficialmente citado por um delator da Operação Lava Jato. Conforme depoimentos que Machado concedeu ao Ministério Público Federal, Temer solicitou que ele obtivesse 1,5 milhão de reais de propina para a campanha de seu aliado Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo no ano de 2012. Na mesma delação, outros 19 políticos foram citados por Machado.
A propina, segundo o relato de Machado, foi paga pela empreiteira Queiroz Galvão, umas das implicadas na Lava Jato. O pedido que Temer fez a ele ocorreu em setembro de 2012 em uma conversa reservada na Base Aérea de Brasília, segundo o relato do ex-senador. Machado é considerado o homem-bomba do PMDB e gravou conversas suas com menos três figurões do partido: o presidente do Senado, Renan Calheiros, o ex-presidente da República José Sarney e o senador Romero Jucá. As gravações foram feitas para tentar assinar um acordo de delação premiada, posteriormente firmado com a Procuradoria-Geral da República. Parte delas já haviam vazado, mas se tornaram oficialmente públicas nesta semana, com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, de retirar o sigilo das transcrições, um compêndio de quase 300 páginas.
De acordo com o que Machado falou para os procuradores, Temer sabia que os recursos solicitados eram ilícitos e seriam mascarados como doação oficial de campanha. Os primeiros indícios de que o presidente em exercício estaria envolvido na delação de Machado ocorreram quando veio à tona a conversa que este tivera com Sarney. Na ocasião, Machado afirmou que "contribuiu para o Michel".
Quando os áudios foram divulgados, Temer disse que não pediu doações a Machado e que não concorreu a nenhum cargo na eleição de 2012, portanto, não recebeu nenhum recurso intermediado por ele. No sistema de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não consta doações feitas pela Queiroz Galvão a Chalita. Isso não quer dizer, contudo, que a empresa não tenha doado a ele, apenas que a doação pode ter sido feita diretamente ao partido ou a algum de seus diretórios. Naquela época, Chalita era o candidato do PMDB e acabou em quarto lugar na disputa.
Temer nunca havia sido implicado de maneira tão contundente por um acusado que resolveu colaborar com a Justiça na Lava Jato, mas seu nome já havia sido citado antes nas investigações. Ainda no ano passado, Zavascki, do STF, citou documento da procuradoria que mencionava o presidente interino como recebedor de 5 milhões do dono da OAS, José Adelmário Pinheiro, o Leo Pinheiro, que também negocia delação premiada. Baseado em mensagem encontradas no celular de Pinheiro, apreendido em 2014, a procuradoria escreveu: "Eduardo Cunha (presidente afastado da Câmara) cobrou Leo Pinheiro por ter pago, de uma vez, para Michel Temer a quantia de R$ 5 milhões, tendo adiado os compromissos com a 'turma'". Outro delator, Delcídio do Amaral, envolveu também Temer, citando-o como implicado num esquema de aquisição ilícita de etanol entre 1997 e 2001 (Governo FHC) e como responsável pela indicação de um ex-diretor da Petrobras, Jorge Zelada, também envolvido no escândalo. Temer nega as acusações anteriores e não havia se manifestado sobre as declarações de Sérgio Machado até a publicação desta reportagem.
Outros investigados
Machado implicou no mesmo esquema de corrupção mais 19 políticos de diversos matizes. Do PMDB ele citou: os senadores Renan Calheiros, Garibaldi Alves, Jader Barbalho, Romero Jucá e Valdir Raupp, o deputado federal Walter Alves, o ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, além do ex-presidente Sarney e de Temer. Do PT, os envolvidos pelo delator foram: os deputados federais Luiz Sérgio e os candidatos a deputado Edson Santos, Jorge Bittar e Cândido Vaccareza. Houve ainda citações ao senador Aécio Neves (PSDB) José Agripino Maia (DEM), ao deputado federal Felipe Maia (DEM), ao ex-senador Sergio Guerra (PSDB, morto em 2014), ao deputado federal Heráclito Fortes (PSB) e à deputada federal Jandira Feghali (PCdoB).
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