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“Merkel está no lado certo da história”, diz Obama sobre a crise dos refugiados

Presidente dos Estados Unidos exalta o papel da chanceler alemã na crise migratória

Luis Doncel
O presidente Barack Obama e a chanceler alemã Angela Merkel.
O presidente Barack Obama e a chanceler alemã Angela Merkel.NIGEL TREBLIN (REUTERS)

Barack Obama aproveitou a que será provavelmente a sua última viagem à Europa como presidente dos Estados Unidos para dar um forte apoio político à chanceler alemã, Angela Merkel. Obama fez neste domingo em Hannover todo tipo de elogios à mulher com quem já teve sonoras diferenças em assuntos, como a crise do euro. O líder de um país que acolheu apenas 10.000 refugiados sírios destacou a gestão alemã da crise migratória e deixou para o final de sua intervenção uma frase forte: “Merkel está no lado certo da história”. A chanceler, a seu lado, sorriu visivelmente satisfeita.

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A visita a Hannover foi precedida de uma intensa campanha de relações públicas para o Governo alemão por parte da administração norte-americana. Dias antes, o autor de uma entrevista à revista The Atlantic escreveu que Obama considerava Merkel “uma das políticas europeias que respeita”. O Bild, jornal mais vendido da Europa, publicou no sábado uma entrevista em que o presidente norte-americano dizia frases como “Considero Angela uma das minhas parceiras mais próximas e também uma amiga”.

Na reta final de seu mandato, Obama pretende dar um pouco de oxigênio a uma chanceler que passa por um mau momento: seu partido sofreu uma séria derrota nas eleições regionais do mês passado ante o auge dos conservadores da legenda Alternativa para Alemanha (AfD), e na sexta-feira se viu obrigada a admitir que havia cometido um erro no caso Böhmermann, o humorista alemão que terá que responder à Justiça por seu poema ofensivo contra o presidente turco, Racip Tayyip Erdogan.

Obama voltou a elogiar Merkel na entrevista coletiva realizada depois de sua reunião com a chanceler na cidade alemã de Hannover. Nessa ocasião, abordou questões como o acordo comercial entre seu país e a UE, a situação na Síria e na Líbia, o conflito da Ucrânia, as diferenças com a Rússia e a crise dos refugiados.

Na opinião do presidente norte-americano, a chanceler tem sabido manter medidas “difíceis” e mostrar uma “preocupação”, não só “humanitária", mas também "prática" neste assunto, além de manter as fronteiras de seu país abertas ante uma avalanche de pedidos de asilo. Obama afirmou ainda que no mundo atual é "muito difícil" construir muros e que talvez a chanceler tenha adotado essa postura porque ela mesma esteve “atrás de um muro”, em referência ao de Berlim, já que até a queda Merkel vivia na Alemanha Oriental. “Sinto muito orgulho disso”, afirmou.

Merkel, por sua parte, evitou comentar, ao ser perguntada diretamente a respeito, sobre recentes declarações de Donald Trump, candidato à nomeação presidencial nos Estados Unidos pelo Partido Republicado, nas quais a definiu como “louca” por sua política na crise dos refugiados.

A Alemanha recebeu no ano passado o número recorde de 1,1 milhão de pessoas em busca de asilo, em sua maioria procedentes de Síria, Iraque e Afeganistão, e a chanceler, apesar das pressões sofridas de distintos âmbitos, se negou a fechar as fronteiras.

Um dos objetivos da visita do presidente Obama foi relançar o acordo comercial entre seu país e a UE, apesar de o presidente também estar em busca de reafirmar a seus parceiros europeus a importância para os EUA de uma Europa forte e unida para enfrentar os desafios representados pelo jihadismo internacional, os conflitos na Síria e na Ucrânia e a Rússia do presidente Vladimir Putin.

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