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Rio de Janeiro consome 60% mais em iluminação pública que Nova York

Capital fluminense tem dois milhões de habitantes a menos que a metrópole norte-americana

O Rio de Janeiro consome 60% mais em iluminação pública do que Nova York, embora tenha quase dois milhões de habitantes a menos que a metrópole norte-americana. Segundo um estudo recente, se as lâmpadas da iluminação pública desta cidade fossem substituídas por iluminação LED (diodos emissores de luz, de baixo consumo), poderiam ser economizados 255 milhões de reais por ano e 110.000 toneladas de emissões de CO2.

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O caso do Rio é um a mais entre as grandes cidades do mundo, que são centros de atividade econômica e cultural, mas também grandes consumidoras de energia: nelas se gastam dois terços da energia mundial e, além disso, são responsáveis por 70% da emissão dos gases que provocam o efeito estufa.

Na América Latina, quase 80% da população vive em cidades, uma cifra que certamente aumentará. De fato, prevê-se que para 2045 haverá mais 2 bilhões de pessoas nas cidades de todo o mundo. Diante desse panorama, a questão de utilizar de um modo mais eficaz a energia por meio da eficiência energética se torna vital. Para medir os impactos do consumo de energia nessa crescente população urbana, o Banco Mundial criou uma ferramenta online para que as cidades e suas autoridades possam fazer uma avaliação rápida de seu gasto em energia por setores.

“É uma ferramenta que dá um diagnóstico do consumo de energia dos municípios”, explica Janina Franco, especialista sênior em energia no Banco Mundial. Seis setores são medidos: edifícios municipais, transporte público e privado, iluminação pública, gestão de resíduos sólidos, água e eletricidade. Na América Latina já foi usado em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, Bogotá (Colômbia) e mais de 30 municípios do México.

Com uma avaliação rápida, a ferramenta permite aos governantes locais ver os setores que poderiam ter maiores oportunidades de eficiência energética para seu município –dependendo da proporção de energia consumida em um setor–, a economia potencial, mas também o grau de autoridade e controle que o município tem em cada setor.

O resultado da medição dá uma ideia mais clara de quais setores poderiam ser estratégicos. “Mas para seguir em frente é preciso fazer um estudo de viabilidade”, diz Franco.

Os resultados variam conforme a cidade. Em geral, estas são algumas das áreas onde as cidades podem economizar energia, além da iluminação pública:

Transporte

Em Bogotá, por exemplo, o transporte público e privado consome 67% da energia. Há mais de 1,5 milhão de veículos, mas também a cidade é pioneira em sistema de ônibus de tráfego rápido e tem uma extensa rede de faixas especiais para bicicletas. Assim, as recomendações potenciais do estudo do Banco Mundial incluem continuar expandindo esses sistemas e redes para poupar energia.

Os edifícios

Os edifícios são os maiores consumidores de eletricidade em nível mundial, mas se estima que não se aproveite aproximadamente 80% do potencial em termos de eficiência energética.

Os edifícios municipais não representam uma parte muito grande desse consumo de eletricidade, mas podem ter um “papel exemplar”, diz Janina Franco. Se for comprado equipamento mais eficiente, podem apoiar o desenvolvimento de uma indústria que promove a eficiência energética, explica.

As recomendações do Banco Mundial incluem a melhoria de técnicas de construção e o gerenciamento ativo do uso da energia. Em Kiev (Ucrânia), por exemplo, com algumas alterações nos edifícios públicos foi possível reduzir o consumo de calefação em 26%

Os resíduos

Os caminhões de coleta de lixo da cidade de León tinham de viajar aproximadamente 80 quilômetros para chegar ao depósito com uma carga pesada e, por isso, consumindo ainda mais combustível. A coleta é feita por empresas privadas que têm contratos de curta duração, o que dificulta as condições ideais para o recolhimento do lixo, aumenta o consumo de energia e prejudica a compilação de dados precisos sobre os procedimentos envolvidos.

Entre as recomendações se inclui a possibilidade de fazer contratos de médio e longo prazo, e a construção de estações de transferência mais perto da cidade, onde se separaria o lixo (para reciclagem e compostagem, por exemplo) e se reduziriam as longas viagens até o depósito.

Água potável

Em países em desenvolvimento, a eletricidade representa 40% dos custos operacionais das empresas que tratam a água, segundo vários estudos. Bogotá tem um dos sistemas de água potável mais eficientes em termos de energia, segundo a análise da ferramenta –e também é um dos centros urbanos onde menos se consome água por habitante e por dia–, se se compara com as cidades na base de dados da ferramenta.

Se o morador de Bogotá consome cerca de 94 litros por dia, o de Santiago do Chile ou Viena alcança o dobro. No entanto, aproximadamente 35% da água da capital colombiana é perdida em tubulações em mau estado. Assim, para melhorar a eficiência se recomenda, entre outras medidas, implementar um programa que identifique os vazamentos e faça os reparos no sistema.

*Isabelle Schaefer é produtora online do Banco Mundial.

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