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PMDB e PSDB debatem cenário do impeachment e Dilma fica cada vez mais isolada

Líderes dos dois partidos se reuniram na noite de quarta para discutir alternativas ao grave quadro político do Governo

Carla Jiménez
Dilma Rousseff, no Planalto nesta quarta-feira.
Dilma Rousseff, no Planalto nesta quarta-feira.ROBERTO STUCKERT FILHO (AFP)
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É cada dia mais dramática a situação do Governo da presidenta Dilma Rousseff, que vê seu parco poder se esvair desde que o ex-presidente Lula foi levado a depor no âmbito da operação Lava Jato na última sexta-feira. Nesta quarta, líderes dos dois maiores partidos depois do PT, PMDB e PSDB, se reuniram para um jantar onde o assunto principal foi a grave situação política que fez o Brasil sair da letargia para entrar num estado de paralisia. “O impeachment é uma realidade. Discutimos todos os cenários possíveis: o impeachment, a cassação da chapa pelo TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e até a permanência dela [Dilma]”, disse o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), segundo relata o portal G1.

Oliveira sempre foi um fiel aliado da presidenta e um pacificador dentro do PMDB, que tem se mostrado cada vez mais inclinado a romper com o Governo. Mas, num momento em que o PT está cada vez mais abatido pelos processos na Justiça contra Lula, a pressão pelo impeachment e a iminência de uma grandiosa manifestação popular neste domingo dia 13, o senador não viu outra saída se não aceitar o convite da oposição para debater uma possível transição imaginando o pior cenário para Rousseff: abreviar o seu mandato este ano.

A presidenta tem procurado manter naturalidade cumprindo agendas protocolares, mas as estranhas articulações para salvar sua gestão revelam uma pessoa atordoada em busca de saídas desesperadas. A pressão para levar Lula a integrar o seu Governo e a reprovação no Supremo do seu novo ministro da Justiça nesta quarta mostram a falta de cálculo político das últimas decisões da presidenta. A notícia de que o ex-presidente pudesse a vir integrar sua equipe foi encarado não só como uma espécie de confissão de culpa de Lula, que não poderia ser preso caso integrasse o Governo, como também a perda completa da capacidade de governar da presidenta, que teria de chamar seu mentor para conseguir fazer o que ela já não consegue.

A escolha de Wellington César Lima e Silva para o lugar de José Eduardo Cardozo no Ministério da Justiça também se mostrou um passo atabalhoado do Governo. Lima e Silva é procurador de Justiça do Estado da Bahia e procuradores não podem ocupar cargos executivos como o de um ministro. Embora Lima e Silva tenha 20 dias para renunciar ao cargo de procurador caso queira continuar a liderar a pasta da Justiça, o julgamento do Supremo, que terminou em 10 a 1 contra a sua permanência, é mais uma passagem que degrada o Governo Dilma.

Nesta segunda, a Caixa Econômica Federal deu uma notícia favorável, ao aumentar o limite de crédito para financiamento bancário para a compra de imóveis. Mas até mesmo o que deveria ser positivo cai na conta da desconfiança com o Governo, pois estaria estimulando um banco público a oferecer crédito num momento de intensa instabilidade econômica. Até mesmo a leve desaceleração da inflação de fevereiro, que ficou em 0,9%, diante do 1,27% de fevereiro, é visto com bastante parcimônia. Os preços caem porque os brasileiros pararam de comprar e isso já é notório pelos shoppings e bares que vão se esvaziando em São Paulo. As notícias de pagamentos parcelados dos salários dos servidores públicos se multiplicam, assim como os anúncios de demissões nas empresas privadas.

A presidenta ainda tem de lidar com a decisão do Congresso de obstruir votações até que o processo de impeachment se inicie na Câmara, o que pode acontecer na semana que vem, logo após uma manifestação de rua que certamente vai definir a posição dos parlamentares que hoje apoiam a presidenta. Alguns já se bandearam para a oposição, como foi o caso da bancada do PSB. O PMDB é o próximo que vai definir para onde vai sua bancada – se se mantém firme ou se vai deixar o barco da presidenta imediatamente. O partido tem a sua convenção marcada para este sábado em Brasília e vai discutir um documento de parte de sua base sugerindo o rompimento desde já com Dilma.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), anfitrião do jantar que reuniu tucanos e peemedebistas, afirmou que os dois partidos estão se unindo para debater saídas para a crise e que poderão atrair novas legendas. “O momento é muito grave, o momento é muito sério e partidos do tamanho do PSDB e do PMDB não podem ficar omissos. Vamos trabalhar juntos”, afirmou, ainda, segundo o portal G1.

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