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PF investiga se o presidente do Peru, Ollanta Humala, recebeu propina da Odebrecht

Relatório da 23ª fase da Operação Lava Jato afirma que mandatário recebeu três milhões de dólares

François Hollande, Ollanta Humala e sua mulher, Nadine Heredia, nesta terça.
François Hollande, Ollanta Humala e sua mulher, Nadine Heredia, nesta terça.AFP
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A notícia de que o presidente do Peru, Ollanta Humala, supostamente recebeu propina no valor de três milhões de dólares da construtora Odebrecht, investigada pela Operação Lava Jato, caiu como uma bomba no país. Nesta segunda-feira, o Palácio de Governo disse através do Twitter que o chefe de Estado peruano havia convocado o embaixador do Brasil “para expressar seu rechaço a essas afirmações”. De acordo com o comunicado da presidência, Humala se reuniu com o embaixador Marcos Raposo, a quem solicitou informações oficiais e negou qualquer envolvimento.

De acordo com a agência Reuters, a Procuradoria peruana, através de seu porta-voz, afirmou ontem que a imunidade presidencial não permitia que Humala fosse investigado até o fim de seu mandato em julho deste ano. As revelações surgem no meio da campanha política para eleger seu sucessor em 10 de abril, e certamente irão contribuir para aumentar a popularidade do presidente peruano, cujos índices de aprovação caíram significativamente nos últimos meses do seu mandato.

O candidato presidencial de Todos por Perú, Julio Guzmán, que está em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto atrás de Keiko Fujimori, candidata do partido Fuerza Popular e filha do ex-ditador Fujimori, pediu em seu perfil do Twitter que Humala não tenha permissão para deixar o país até que as alegadas acusações sejam esclarecidas. Ollanta Humala tomou posse em 2011, apadrinhado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que supostamente aparece no mesmo relatório da Operação Acarajé, a fase 23ª fase da Lava Jato realizada nesta segunda.

O jornal Folha de São Paulo difundiu fragmentos do relatório da polícia com informações arquivadas desde 2012 no computador de Maria Lúcia Guimarães, profissionalmente ligada à Odebrecht em Salvador (Brasil) desde 2006. Em uma planilha de pagamentos chamada Usos está registrado em código o Projeto OH junto à quantia de três milhões de dólares. A PF acredita que se trata das iniciais de Ollanta Humala.

“Finalmente, está indicada a menção ao Programa OH, referindo-se ao presidente do Peru, Ollanta Humale (sic), vinculado à quantia de 4.800.000 reais (cerca de 3.000.000 dólares). A investigação mostra a realização de várias obras no país pela Odebrecht, muitas das quais foram financiadas pelo Governo brasileiro, com fortes indícios de prática de lobby empresarial pela construtora junto a agentes políticos peruanos, assim como financiamento de campanhas eleitorais pela Odebrecht”, diz um fragmento do relatório da polícia divulgado por IDL-Reporteros, publicação peruana de jornalismo investigativo.

A Polícia Federal também relaciona Humala com a anotação 10018 do iPhone de Marcelo Odebrecht, preso desde junho de 2015, como parte da investigação sobre a Lava Jato. Odebrecht escreveu “OH vs Humildade. Magnata no Peru, Equador “, seguido de “Cash Angola e Peru”.

O relatório inclui a agenda do executivo brasileiro em suas visitas ao Peru e menciona as reuniões com o presidente (OH) e sua esposa Nadine Heredia em 2011, 2013 e 2014.

900 milhões de dólares em investimentos

No Peru, a Odebrecht foi questionada por supostamente exagerar o custo da infraestrutura paga com fundos públicos e empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), como a Rodovia Interoceânica Sul, que liga o Peru ao Brasil. Em 2014, a Odebrecht e a Enagas ganharam a licitação para o Gasoduto do Sul. O relatório publicado pela imprensa brasileira mostra que durante a época de Luiz Inácio Lula da Silva no Governo, o investimento brasileiro no Peru aumentou de 50 milhões de dólares para 900 milhões, a maioria em represas hidrelétricas construídas pela Odebrecht. Sob Humala, o principal rival da Odebrecht foi eliminado das licitações públicas.

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