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Madre Teresa de Calcutá será canonizada por Papa Francisco

Igreja aceita por unanimidade a “cura extraordinária” de um brasileiro em 2008 Fundadora da Ordem das Missionárias da Caridade será proclamada santa em setembro

O corpo da madre Teresa na cidade indiana da Calcutá, em 1997.Foto: reuters_live | Vídeo: Arko Datta

A madre Teresa de Calcutá será proclamada santa no dia 4 de setembro. O papa Francisco reconheceu a cura supostamente milagrosa de um brasileiro que, em 2008, estava em fase terminal, mas que se recuperou após as orações feitas pela sua esposa, devota da fundadora da Ordem das Missionárias da Caridade. A religiosa de etnia albanesa (1910-1997), cujo nome de batismo era Anjezë Gonxha Bojaxhiu, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1979, será proclamada santa em setembro de 2016, como parte do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia. Ela morreu na Índia em 1997, após dedicar sua vida aos pobres. Em 2003, o papa João Paulo II já a havia declarado beata.

Pode-se dizer que o processo de canonização da madre Teresa começou na Índia no mesmo dia em que ela morreu. Milhões de pessoas acompanharam o cortejo do seu corpo pelas ruas de Calcutá e chefes de Estado do mundo todo estiveram presentes em seu funeral. Já faz quase meio século que a beata solicitou ao Vaticano a fundação de uma congregação de monjas com um objetivo quase utópico: "cuidar dos famintos, dos pobres, dos sem-teto, dos cegos, dos leprosos, de toda essa gente que se sente inútil, não amada ou desprotegida pela sociedade. As pessoas que se transformaram em um peso para a sociedade e que são rechaçadas por todos". A madre Teresa obteve a permissão do Vaticano em 1950, quando se encarregou de levar sua utopia à prática.

O primeiro milagre atribuído à beata aconteceu em 1998, quando Monica Besra, uma mãe de cinco filhas que havia sido acolhida pelas missionárias da Caridade em Roma após ter sido desenganada pelos médicos se curou inexplicavelmente, depois de uma das monjas colocar sobre o seu peito uma estampa da madre Teresa. A cerimônia de beatificação foi celebrada em 19 de outubro de 2013 em Roma, e reuniu centenas de milhares de pessoas.

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O reconhecimento do segundo milagre atribuído à madre Teresa, necessário para a canonização, acontece 20 anos após a morte da religiosa. A igreja Católica reconheceu por unanimidade a "cura extraordinária" de um brasileiro que, em 2008, estava em estado terminal em decorrência de uma grave doença que atingiu seu cérebro. Na ocasião, ele entrou em coma e os médicos decidiram operá-lo, mas a cirurgia foi suspensa por problemas técnicos. Meia hora depois, porém, ao voltar à sala de cirurgia, "o médico encontrou o paciente sentado, assintomático, desperto e perfeitamente consciente, perguntando o que fazia ali", segundo explica a edição desta sexta-feira do diário católico Avvenire. O caso ocorreu em Santos, no litoral de São Paulo. A identidade do homem, hoje com 42 anos, não foi revelada.

A Ordem das Missionárias da Caridade, fundada pela religiosa, comemorou o anúncio nesta sexta-feira na sua sede, em Calcutá (leste da Índia). “Estamos muito felizes e gratas. Soubemos da notícia nesta manhã”, relatou à agência Efe a porta-voz da congregação em Calcutá, a irmã Christie, admitindo que a notícia chegou de forma um tanto surpreendente, e que por isso as religiosas ainda não sabem o que farão para celebrar. A imprensa da Índia, onde a madre Teresa fundou em 1950 a Ordem das Missionárias da Caridade para ajudar doentes de hanseníase, dá grande destaque nesta sexta-feira ao anúncio da canonização da freira.

Milagres e beatificação

“A madre Teresa não fez um, e sim muitos milagres, mas estes precisam ser aprovados pelo Vaticano, e a cura do doente precisa ser imediata”, disse ao canal indiano NDTV uma porta-voz local das Missionárias da Caridade, Sunita Kumar. Kumar destacou também o fato de a futura santa não ter feito proselitismo em vida, o que é um assunto muito polêmico na Índia, um país de maioria hindu. A porta-voz observou que ela própria segue a religião sikh, e que a única preocupação da madre Teresa era ajudar os mais necessitados, em vez de difundir o cristianismo.

A madre Teresa de Calcutá em 12 de dezembro de 1979, ao receber o Prêmio Nobel da Paz, em Oslo, na Noruega.
A madre Teresa de Calcutá em 12 de dezembro de 1979, ao receber o Prêmio Nobel da Paz, em Oslo, na Noruega.EFE

Madre Teresa, cujo nome de batismo era Anjezë Gonxha Bojaxhiu, nasceu em 26 de agosto de 1910 em Skopje, capital da atual república da Macedônia, que então pertencia ao Império Otomano.

Seu enterro em Calcutá, em 5 de setembro de 1997, foi um acontecimento nacional na Índia, e milhões de pobres acompanharam seu cadáver pelas ruas da cidade, num funeral que teve a participação também de chefes de Estado e governantes do mundo todo.

As Missionárias da Caridade, que surgiram como uma pequena congregação católica, se transformaram atualmente em uma rede com 4.500 religiosas espalhadas por mais de 130 países, onde administram 700 casas dedicadas a assistir aos mais desfavorecidos.

Com informações da Efe.

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