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Na França, David Cameron defende atacar o Estado Islâmico na Síria

Premiê britânico defenderá no Parlamento a necessidade de bombardear os jihadistas

Hollande e Cameron em frente ao Bataclan, nesta segunda-feira.Foto: reuters_live | Vídeo: Reuters-Live
Gabriela Cañas

Com uma homenagem na porta do Bataclan na companhia do primeiro-ministro britânico, David Cameron, o presidente da França, François Hollande, iniciou nesta segunda-feira uma intensa agenda diplomática com a qual pretende fortalecer uma coalizão única contra o Estado Islâmico (EI). Os líderes da França e do Reino Unido, as duas grandes potências nucleares da Europa, estão de acordo em atacar conjuntamente. O premiê britânico, que já participa dos bombardeios no Iraque  com os Estados Unidos, expressou ao final da reunião no Palácio do Eliseu (sede da presidência francesa) sua convicção de que será preciso lutar contra a organização terrorista também na Síria. Para isso, acrescentou que ainda nesta semana apresentará ao Parlamento do seu país um projeto para oficializar o apoio à França nesse terreno.

“Respaldo firmemente a decisão do presidente Hollande de bombardear o EI na Síria, e tenho a firme convicção de que Reino Unido deveria fazer o mesmo”, disse Cameron, esclarecendo que a decisão cabe ao Parlamento.

Depois dos atentados de 13 de novembro, que mataram 130 pessoas, Hollande iniciou uma intensa batalha em todas as frentes. Na doméstica, prorrogou o estado de exceção até 26 de fevereiro e concedeu poderes extraordinários inéditos às autoridades policiais e militares, graças a um projeto de lei aprovado em tempo recorde.

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Na frente externa, Hollande quer atacar o Estado Islâmico sem hesitação no Iraque e na Síria. Na manhã desta segunda, depois do seu encontro com Cameron no Eliseu, o presidente francês foi taxativo: “Precisamos destruir o EI e encontrar uma solução política na Síria com um governo de unidade nacional no qual Bashar al Assad [presidente sírio] não pode estar”. Na sexta-feira, ele já havia obtido um apoio europeu para suas propostas de reforçar o controle das fronteiras externas da União Europeia e a aprovação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que autoriza “todas as medidas necessárias” para combater o terrorismo no Iraque e na Síria, o que facilitaria a tarefa de Cameron no Parlamento britânico.

Cameron, que antes de chegar ao Eliseu visitou com Hollande a casa de shows Bataclan, onde os jihadistas mataram 89 pessoas, manifestou sua intenção de reforçar o intercâmbio de informações entre os serviços de inteligência britânicos e franceses e ofereceu a Paris o uso da base aérea britânica em Chipre. Esses dois países são os únicos da Europa com a capacidade de mobilizar um grande volume de forças militares a grande distância. O porta-aviões francês Charles de Gaulle já está no leste do Mediterrâneo, como recordou Hollande em sua declaração pública ao lado de Cameron no palácio. “Vamos golpear o EI da forma mais dura possível”, insistiu.

Depois dos atentados de Paris, Hollande intensificou seus bombardeios no Iraque (onde intervém há um ano) e na Síria (desde setembro). A presença do Charles de Gaulle na região triplica a capacidade militar francesa, com um total de 38 caças. Nos últimos dias, a França destruiu dois centros de treinamento em Raqqa (Síria) e quatro postos de comando.

O presidente francês viaja nesta terça-feira a Washington, onde será recebido pelo presidente dos EUA, Barack Obama. Na quarta-feira, ele janta em Paris com a chanceler alemã, Angela Merkel, na quinta-feira visita presidente russo, Vladimir Putin, e finalmente, no domingo, jantará com o presidente chinês, Xi Jinping, no âmbito da Cúpula do Clima, que começa na segunda-feira que vem em Paris. Dessa forma, o presidente francês terá, ao longo desta semana, a oportunidade de conversar pessoalmente com os líderes dos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha.

Tensão em Bruxelas

O clima de tensão na capital da Bélgica estimulado pelo alerta de um "atentado concreto e iminente", anunciado no sábado pelo primeiro-ministro belga, Charles Michel, atingiu seu ponto máximo neste domingo, quando a polícia prendeu 16 suspeitos de envolvimento com atividades terroristas. De acordo com as autoridades locais, apesar das prisões, Salah Abdeslam, suposto terrorista que fugiu após os atentados em Paris, ainda não foi localizado.

No fim de semana, Bruxelas estendeu por 24 horas o alerta máximo, depois de 36 horas de algo muito parecido com um estado de sítio. O metrô não vai funcionar nesta segunda-feira; escolas, universidades e outros centros educacionais também não.

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