ONU afirma que esforço para deter aquecimento global não é suficiente
Após avaliar compromisso de países, órgão diz que emissão de gases seguirá subindo Boa notícia é que projeção de alta na temperatura caiu e deve ser de 2,7 graus em 2100
Os esforços dos Governos para mitigar o aquecimento global não são suficientes, segundo alertou nesta sexta-feira Christiana Figueres, responsável na ONU pela questão das mudanças climáticas. Figueres apresentou o relatório de análise dos compromissos voluntários de 147 países para a redução das emissões de gases do efeito estufa nos próximos 15 anos.
Uma das conclusões dessa avaliação é que as emissões mundiais continuarão crescendo até 2030. Se for tomado como ponto de referência o ano 1990, a expansão das emissões será em média de 41% em 2025 e de 45% em 2030. Se o ponto de comparação for 2010, o crescimento será de 13% em 2023 e de 17% em 2030.
Essa é a má notícia da análise dos compromissos desses quase 150 Estados, que emitem ao redor de 90% dos gases do efeito estufa do mundo. A boa, a que foi destacada nesta sexta-feira pela ONU, é que no mesmo período as emissões per capita se reduzirão. No relatório é apontada uma queda de 8% –em relação a 1990– nas emissões per capita em 2025. Em 2030, esse corte chegaria a 9%. As Nações Unidas falam de “um ponto de inflexão”.
A ONU também destacou a previsível desaceleração no incremento das emissões com a aplicação dos compromissos voluntários de cada nação. Entre 1990 e 2010, os gases lançados na atmosfera no mundo cresceram 24%. Entre 2010 e 2020, o relatório calcula que o aumento estará entre 11% e 22%.
Figueres reiterou nesta sexta-feira que, se for feita uma projeção desses compromissos no longo prazo, não vai ser possível chegar à meta de um aumento da temperatura de 2 graus no final do século – o teto imposto no âmbito científico para que esse fenômeno não tenha consequências desastrosas.
A ONU leva em conta o cálculo da Agência Internacional de Energia e afirma que esse incremento em 2100 será de 2,7 graus se os esforços não forem maiores a partir de 2030. No entanto, outras organizações falam de crescimentos entre 3 e 4 graus. “Em nenhum caso é suficiente, mas é de fato muito menos que a previsão de 4 ou 5, ou até mais, graus de aquecimento” aos quais se chegaria se não houvesse essas propostas de redução sobre a mesa, afirmou Figueres.
Os compromissos apresentados são voluntários e para o período 2020-2030. Ou seja, cada Governo decide se reduzirá suas emissões de gases –principalmente de CO2– ou não. E também o esforço que quer fazer. O que existe, sim, é uma meta comum em longo prazo: conseguir em 2100 emissões zero para que a temperatura não aumente mais de 2 graus.
A ONU também destacou nesta sexta-feira a ampla participação dos países. A entidade lembrou que os planos de mitigação representam “86% das emissões globais de gases do efeito estufa, o que significa quatro vezes mais” que o “englobado” dentro do primeiro período de compromissos do Protocolo de Kyoto.
Em 30 de novembro tem início em Paris a cúpula mundial do clima. Esses compromissos de redução das emissões fazem parte do processo para concluir o novo protocolo, que substituirá o de Kyoto. Dentro desse acordo deverão ser introduzidos também mecanismos de controle e transparência. E um dos pontos que também está sendo discutido é a revisão para cima dos compromissos nacionais a cada cinco anos.
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