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Obama retarda a retirada de soldados dos EUA no Afeganistão

Avanço do Talibã se intensificou nas últimas semanas

Ángeles Espinosa
O general norte-americano, John Campbell, que lidera a missão no Afeganistão.
O general norte-americano, John Campbell, que lidera a missão no Afeganistão.JOSHUA ROBERTS (REUTERS)

O surpreendente sucesso do Talibã ao tomar a cidade de Kunduz há duas semanas obrigou os Estados Unidos a reavaliarem a saída de suas tropas do Afeganistão. A retirada, inicialmente prevista para o ano que vem, será estendida até o final do mandato de Barack Obama em 2017, como sugeriu na quarta-feira o secretário de Defesa, Ashton Carter. Segundo adiantou o The New York Times, o presidente Obama vai anunciar os detalhes nesta quinta-feira.

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“É importante dizer essas coisas porque a versão de que abandonamos o Afeganistão é derrotista. Não faremos e não podemos fazer isso porque significaria não aproveitar os sucessos alcançados até agora”, declarou Carter citado pela Reuters.

Quatorze anos depois do início da intervenção no Afeganistão, os Estados Unidos ainda têm 9.800 soldados no país da Ásia Central. Segundo os novos planos, essa força permaneceria em solo afegão até o final de 2016, quando seria reduzida a 5.500. Como tem sido feito até agora, parte desse contingente se dedicará a treinar e assessorar o Exército afegão na missão Apoio Decidido (dirigida pela OTAN), enquanto o restante continuará com a busca e captura de membros da Al Qaeda, do Estado Islâmico e de outros grupos jihadistas escondidos ali.

Avanço do Talibã

Desde sua expulsão do poder em 2001, o Talibã sempre combateu as forças estrangeiras e o Governo apoiado por elas e reforçou sua habitual ofensiva de verão desde julho, quando se revelou que seu líder, o clérigo Omar, estava morto havia dois anos. Diante do risco de divisão do grupo, o novo líder, Athar Mansour, procurou consolidar seu poder com ataques ousados em diversos pontos do país, fechando o caminho para as negociações de paz acordadas com o presidente afegão, Ashraf Ghani.

O esplêndido sucesso em Kunduz, a única capital provincial em poder do grupo até agora, não foi ofuscado pela incapacidade de controlar a cidade de forma permanente diante do cerco das forças governamentais. Embora tenham decidido retirar-se na terça-feira, o golpe de efeito foi um solavanco para os Estados Unidos e seus aliados na missão Apoio Decidido. Muitos analistas criticaram a retirada dessa missão porque significaria entregar o país ao Talibã.

Apesar de seus avanços, os 350.000 membros das Forças de Defesa e Segurança Nacional do Afeganistão ainda necessitam do apoio aéreo e logístico dessa missão para aproveitar seu potencial, já que a corrupção e as cisões tribais dificultam sua eficácia. A Alemanha, país que se encarregou da “reconstrução provincial” de Kunduz entre 2003 e 2013, já anunciou a disposição de manter seus soldados depois da data inicialmente pactuada.

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