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Israel começa a bloquear acessos aos bairros de Jerusalém Oriental

Governo de Netanyahu mobiliza centenas de soldados e policiais para evitar ataques

Juan Carlos Sanz
Policiais revistam palestino no Portão de Damasco, em Jerusalém.
Policiais revistam palestino no Portão de Damasco, em Jerusalém.AHMAD GHARABLI (AFP)

A polícia de Israel começou na manhã de quarta-feira a instalar postos de controle nos acessos aos bairros de Jerusalém Oriental, segundo uma porta-voz policial, após uma onda de violência que causou a morte de sete judeus e 30 palestinos nas duas últimas semanas. Entre os cerca de 20 atentados registrados, 80% dos agressores procediam precisamente de bairros de Jerusalém Oriental, área ocupada por Israel desde 1967 e anexada desde 1980. Seus moradores possuem autorização de residência e liberdade de movimentos por todo o território de Israel – algo que não ocorre para os palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Analistas da imprensa israelense e organizações humanitárias alertaram que o bloqueio desses bairros na prática representa uma divisão da Cidade Santa.

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O bloqueio de Jerusalém Oriental e o eventual toque de recolher para sua população atendem a uma ordem emitida no começo da madrugada de quarta-feira pelo Gabinete de Segurança do país. O primeiro-ministro Benjamim Netanyahu passou mais de 10 horas reunido extraordinariamente com essa instância governamental após os atentados palestinos da terça-feira, que deixaram três israelenses mortos e mais de 20 feridos em Jerusalém. Entre outras medidas de exceção aprovadas pelo Gabinete de Segurança estão a mobilização de forças militares nas estradas que dão acesso a Jerusalém Oriental. Seis companhias do Exército (600 soldados) se unirão à mobilização de milhares de reservistas da polícia de fronteiras, um corpo paramilitar das forças de segurança.

O Executivo também intensificou as medidas punitivas contra os autores de atentados. Além de terem suas casas demolidas, os familiares dos agressores não poderão voltar a construir no solo arrasado, e seus bens serão confiscados. Também perderão o direito de continuar morando em Jerusalém, o que implica a revogação do visto de residência em Israel.

O Exército também começará a vigiar os transportes públicos na Cidade Santa, onde na terça-feira dois israelenses morreram atacados dentro de um ônibus. A vigilância militar durará até que 300 agentes de segurança particular sejam contratados para essa tarefa. A principal missão dos soldados será examinar bolsas e vigiar os pontos mais tensos na barreira de separação entre Israel e a Cisjordânia, construída depois da segunda Intifada (2000-2005). O traçado da barreira – que inclui muros de concreto, muros de tijolos e cercas diversas – deverá ser concluído ao sul de Hebron.

A organização Human Rights Watch advertiu nesta terça-feira que o bloqueio de Jerusalém Oriental possivelmente acarretará “perseguição e abusos” contra a população palestina, por infringir seu direito de ir e vir, em vez de representar “uma resposta adequada às atuais preocupações” de segurança.

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