Para conhecer o Rio, o ‘cristão’ tem que andar a pé
O livro ‘Rio, papel e lápis’, do desenhista Cássio Loredano, inspira um passeio a pé por cartões postais do centro do Rio de Janeiro
Fruto de um casamento triunfante entre natureza e construção, o Rio de Janeiro é... lindo. Não há outra maneira de se referir à cidade das praias, dos morros e de belas construções históricas, que incluem prédios públicos, igrejas e praças. Quem vive no Rio, carioca ou não, sabe bem disso, mas muitos ainda não experimentaram a beleza da cidade olhando de perto suas riquezas – o que só é possível de se fazer a pé. Quem é de fora, nem falar.
Sugestões de passeios a pé, no entanto, não faltam. O que faltava, até o momento, era um percurso que resgatasse, com tintes históricos e culturais, a essência da cidade construída e retratasse sua personalidade longe dos batidos bairros da zona Sul, como Copacabana e Ipanema. Talvez sem saber, o ilustrador Cássio Loredano pôs fim a essa dieta com o livro Rio, papel e lápis, que será lançado no Instituto Moreira Salles, na Gávea, neste sábado, 8 de agosto, acompanhado de uma exposição das ilustrações que o compõem. Deixando a natureza em segundo plano e homenageando aquilo que foi arquitetado, a publicação propõe um trajeto por preciosidades da vida carioca através de 61 desenhos inspirados em caminhadas do autor pela cidade e feitos com base em fotos históricas e outras do fotógrafo Ailton Silva.
Estão lá a igrejinha da rua Faro, no Jardim Botânico, a do castelinho, em Santa Tereza, o Gabinete Português de Leitura, a Biblioteca Nacional e a Praça XV, no centro, o Museu de Arte Moderna, no Flamengo, e até a Ponte dos Jesuítas, em Santa Cruz, no limite da cidade. Tudo desenhado com grafite, nanquim, esferográfica e aquarela, em traços trêmulos, “meio bêbados”, nas palavras do ilustrador, e acompanhado de textos que ele mesmo escreveu.
Único carioca de oito irmãos que cresceram mudando de cidade com a família, Loredano, 67 anos, se fez jornalista no final dos 60 e, de lá em diante, trabalhou para os principais veículos do Brasil e da Europa – incluindo o EL PAÍS. Desenhou uma rua pela primeira vez na Espanha, quando morou em Barcelona nos anos 80: era o Passeig de Gràcia, conhecido como o “quarteirão da discórdia” por abrigar quatro construções de diferentes arquitetos do modernismo catalão.
Hoje, depois de dedicar livros a importantes desenhistas brasileiros, como Antonio Nássara, Andrés Guevara, Omar Figueroa, Luis Trimano e J. Carlos, colabora com caderno Prosa, do jornal O Globo, e é consultor da área de iconografia do Instituto Moreira Salles. Rio, papel e lápis foi uma encomenda do próprio IMS a Loredano por ocasião dos 450 anos do Rio, completados em 2015, e que dispararam uma série de eventos comemorativos.
Veja cinco lugares que destacamos do percurso de Loredano, circunscritos ao centro do Rio, prepare um bom par de sapatos e siga as instruções do mestre Luiz Gonzaga em Estrada de Canindé, canção que está na epígrafe do livro: “Oiando coisa a grané/ coisas que pra mó de vê/ o cristão tem que andá a pé”.
Real Gabinete Português de Leitura
Centro cultural dedicado à lusofonia fundado em 1837, é um edifício tombado pelo Patrimônio Cultural do Estado. No ano passado, apareceu na lista da revista Time como a quarta biblioteca mais linda do mundo. Fica à rua Luís de Camões, número 30.
Confeitaria Colombo
Segundo ela mesma anuncia, a Colombo “é uma das mais respeitadas casas comerciais do país por mais de um século”. Fato, já que abriu as portas há mais de cem anos e desde então serve cafés, chás, pães e doces maravilhosos em um ambiente idem. Fica à rua Gonçalves Dias, 32.
Praça XV
Essa famosa praça carioca foi fundamental para a expansão da cidade durante a época colonial. Hoje, além de uma feira de antiguidades e do Samba do Ouvidor, que movimentam a área aos sábados, tem o Paço Imperial, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, o Arco do Telles e uma série de bares e casas noturnas no seu entorno.
Glória do Outeiro
Construída no século XVII e tombada pelo Iphan em 1938, essa igreja fica no alto de um local usado pelos portugueses para defender o Rio do ataque dos franceses no século XVI. Abriga um museu para a exposição de seu acervo de objetos sacros e um acervo com mais de 100.000 manuscritos e fotografias que relatam a história colonial da cidade. Fica na Praça Nossa Senhora da Glória, 135/204.
Museu de Arte Moderna
Tem cerca de 11.000 obras de artistas modernos consagrados e fica em cenário privilegiado: o Parque do Flamengo. Foi criado por um dos maiores expoentes da arquitetura brasileira, o carioca Affonso Eduardo Reidy, que é responsável por suas belas fachadas envidraçadas. Tem paisagismo de Burle Marx. Fica à avenida Infante Dom Henrique 85.
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