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As FARC põem fim à trégua unilateral após morte de 26 membros

O ataque ocorre após o presidente Santos ter retomado os bombardeios, há um mês

Traslado de soldados mortos em Colômbia em 2014.
Traslado de soldados mortos em Colômbia em 2014.J. S. (REUTERS)

Cauca, um departamento no sudoeste da Colômbia, tornou-se pela segunda vez em um mês e meio o cenário que concentra a guerra do país sul-americano. Pelo menos 26 guerrilheiros morreram quinta-feira após um bombardeio da Força Aérea contra um acampamento das FARC em Guapí, uma zona selvagem de Cauca, o que representa um duro golpe para esse guerrilha que há cinco meses declarou trégua unilateral e indefinida.

O ataque ocorre após o presidente Juan Manuel Santos ter retomado os bombardeios, há um mês, quando a guerrilha rompeu sua trégua e matou numa emboscada 11 militares que se protegiam da chuva e dormiam em um centro esportivo. As mortes provocaram uma crise no processo de paz que está em andamento em Cuba desde novembro de 2012, pois os colombianos saíram às ruas para expressar sua rejeição. Além disso, é evidente que foi perdida parte da confiança nos diálogos.

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Agora, são as FARC que sentem o golpe do ataque dos militares. De acordo com fontes oficiais citadas pela revista Semana, os soldados perseguiam um guerrilheiro conhecido como Javier el Chugo, o segundo na liderança da Frente 29 – um grupo dedicado ao narcotráfico e responsável por um ataque, há seis meses, contra a única delegacia de polícia da ilha de Gorgona, no Pacífico colombiano, que deixou um policial morto. Ainda não se sabe se o chefe guerrilheiro morreu após o bombardeio.

“Causam dor a morte de 11 soldados combatendo e também a de 18 insurgentes sem poder combater, desmembrados com bombas de 250 quilos. A razão é paz”, escreveu no Twitter o chefe guerrilheiro Pastor Alape, um dos negociadores da guerrilha. Alape também disse que, por esses eventos, a trégua guerrilheira estaria suspensa. “Trégua unilateral não é insustentável, torna-se impossível. 18 assassinados da confraternidade insurgente ferem o coração e alarmam a razão”, acrescentou. O presidente Santos também reagiu, mas em defesa da ação militar do Governo: “A ofensiva será mantida até alcançarmos a paz. Tomara que ela seja alcançada o mais breve possível”, disse Santos na rede social.

Após o bombardeio, os militares entraram na zona e encontraram feridos um menor de idade e uma guerrilheira, segundo as primeiras informações. No lugar havia várias metralhadoras, fuzis, pistolas e rádios de ondas curtas. A operação contou com a participação de tropas do Exército , aviões e helicópteros da Força Aérea e embarcações da Infantaria da Marinha.

Desde que os diálogos de paz começaram, uma das regras tem sido negociar em meio ao conflito armado. Nos últimos meses, contudo, ambas as partes vinham tomando medidas para baixar a intensidade da guerra, algo que no momento parece estancado.

Pouco depois do reinício dos ataques aéreos no mês passado, o Exército já efetuou o primeiro bombardeio contra uma fábrica de explosivos clandestina dos rebeldes, deixando dez guerrilheiros mortos.

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