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O trabalhismo britânico debate a necessidade de uma guinada ao centro

O setor ligado à ‘terceira via’ de Blair é o primeiro a se movimentar no debate

Pablo Guimón
Ed Miliband, após anunciar sua renúncia como líder trabalhista.
Ed Miliband, após anunciar sua renúncia como líder trabalhista.neil hall (reuters)

O debate “profundo e honesto” sobre o futuro do Partido Trabalhista pedido por Ed Miliband na sexta-feira em seu discurso de demissão ficou oficialmente aberto no momento em que o devastado perdedor saiu pela porta. Menos de um dia depois, já começaram a ser ouvidas as primeiras vozes que pedem uma volta às premissas do Novo Trabalhismo, corrente que proporcionou ao partido seus únicos 13 anos de poder desde 1979.

O ex-ministro do Interior, Alan Johnson, disse que o próximo líder deverá seguir o exemplo de Blair, que proporcionou ao partido três vitórias eleitorais. “Devemos refletir sobre para onde estamos indo como partido”, declarou na televisão. “Não devemos acreditar que a derrota se deveu Ed Miliband, o problema que temos de resolver é muito mais profundo. Diz respeito às aspirações das pessoas. Já não podem nos identificar como o partido das aspirações. E esse foi um dos grandes êxitos que nos levou a ganhar três eleições”.

Johnson defendeu que o partido deveria ter como modelo os Governos de Blair e de Brown, dos quais fez parte, e criticou a tendência no partido a dar as costas àqueles anos. “É como se Blair tivesse perdido três eleições, em vez de tê-las ganhado”, queixou-se Johnson. “É quase obrigatório agora mencionar seu nome.”

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O ex-ministro é uma figura de peso no partido. Em novembro do ano passado, entre fortes críticas à liderança de Ed Miliband, Johnson foi sondado pelo setor blairista do partido para ver se estaria disposto a encabeçar uma candidatura para substituí-lo, a menos de seis meses das eleições, segundo publicou o Financial Times. Ele não se mostrou disposto e também agora descartou candidatar-se.

No mesmo sentido também se pronunciou o ex-ministro Ben Bradshaw, que esteve à frente da Cultura no fim do Governo de Brown. “O partido precisa celebrar os empreendedores e os criadores de riqueza e não deixar a impressão de que eles fazem parte do problema”, escreveu em seu blog. “As pessoas querem um Reino Unido mais justo e melhor, mas também devem ter confiança na habilidade do Governo para administrar a economia de forma competente. Competência econômica combinada com justiça social. Essa é a lição que aprendemos, finalmente, depois de 18 anos na selva entre 1979 e 1997”.

O comitê executivo nacional do partido prevê reunir-se no início desta semana para estabelecer o calendário da eleição do líder. Harriet Harman, vice de Miliband, é quem vai dirigir o partido no período de transição. Ela anunciou que, uma vez concluído, também se demitirá. Há quem seja partidário de um período de reflexão longo para abordar com tranquilidade o profundo debate que o partido exige. Outros temem que um debate longo permita aos tories definir sozinhos a agenda política em um momento tão importante para o país.

Um deputado que participou dos Governos de Blair e Brown, David Lammy, foi o primeiro a dar um passo e anunciar publicamente sua intenção de liderar o partido. Ele também participa da corrida à candidatura trabalhista para a prefeitura de Londres, uma das primeiras decisões importantes que o partido deverá tomar antes das eleições no ano que vem. Outros nomes que se embaralham são Chuka Umunna, Liz Kendal e Dan Jarvis, todos eles deputados há menos de cinco anos e, portanto, sem responsabilidades nos Governos de Blair e Brown.

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