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Grafite, arte 'efêmera' que chega à sua terceira Bienal

A Bienal Internacional de Graffiti celebra entre paredes a maturidade da arte de rua

O grafiteiro alemão Tasso.
O grafiteiro alemão Tasso.Divulgação

A discussão sobre o lugar ao qual pertence o street art envelheceu de vez. Desde os anos 80, o grafite extrapola as ruas e invade as galerias sem que as pessoas torçam o nariz, para cumprir outros propósitos, experimentar formatos e ser visto sob novas perspectivas. É, ao menos, o que prega a Bienal Internacional de Graffiti Fine Art, cuja 3a edição abre as portas neste sábado no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

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O evento coloca debaixo de um teto 65 grafiteiros com a missão de proporcionar um contato mais intimista do público com esse tipo de arte e também dos artistas – brasileiros e estrangeiros – entre si. “Queremos que as pessoas possam acompanhar a evolução do grafite, seus diferentes estilos e técnicas, e que possam entender porque ele conquista cada vez mais espaço em ambientes artísticos”, explica a idealizadora do projeto, Renata Junqueira.

Há paredes, murais e quadros pintados com spray, estêncil e pincéis, além de instalações, esculturas e videoarte sob a curadoria de Binho Ribeiro – ele próprio grafiteiro e pesquisador do assunto desde 1984. “O grafite não sai da rua, que continua sendo seu principal suporte. A novidade é a maturidade: ele está hoje muito mais forte culturalmente e presente na mente das pessoas”, diz Binho, para quem organizar uma bienal de street art é celebrar o “respeito conquistado”. Artistas que têm obras autênticas e são representativos nas cidades onde moram foram os que captaram o olhar do curador. “A intenção não é dizer que esses são melhores que outros, e sim misturar estilos, técnicas e conceitos de grafiteiros reconhecidos, veteranos e novos”, esclarece.

A paraense Drika Chagas prepara um grafite com o tema 'espiritualidade'.
A paraense Drika Chagas prepara um grafite com o tema 'espiritualidade'.Camila Moraes

Estar entre paredes não faz o grafite perder seu caráter efêmero. Tudo o que está ali foi criado exclusivamente para a Bienal e grande parte foi pintado na hora. Para a grafiteira Drika Chagas, de Belém do Pará, é aí onde a rua se faz mais presente. “Acho que uma exposição de grafite termina atraindo um público que tem medo de entrar em uma galeria, mas continua sendo passageiro”, opina. Drika grafita profissionalmente desde 2009, e seu trabalho “está ligado à espiritualidade”. Tema raro nesse universo, que por sinal é bastante masculino.

Algumas pinturas expostas chamam a atenção por extrapolar a tela, ocupando vários tipos de suportes, algumas até com efeitos tridimensionais. É o caso da obra de Alexandre Ketto. Entre os nomes old school, vale a pena ver de perto o californiano Pose II e o alemão Tasso, visitantes que dividem espaço com novos artistas latino-americanos, especialmente da Argentina, do Chile e do Peru.

Graffiti com efeitos tridimesionais de Alexandre Keto.
Graffiti com efeitos tridimesionais de Alexandre Keto.Camila Moraes

A Bienal tem entrada gratuita de 18 de abril a 19 de maio e promete atrair muita gente. Suas duas edições anteriores aconteceram no Mube – Museu Brasileiro da Escultura, um museu de circulação bem menor que o Parque do Ibirapuera, e mesmo assim tiveram recorde de visitação. Em 2013, mais de 60.000 paulistanos prestigiaram o evento. Nada mal para uma cidade que tem o grafite sempre à vista.

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