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Palestinos pedem reconhecimento à comunidade internacional

Tribunal de Haia poderá avaliar em abril o conflito de Gaza

Juan Carlos Sanz
O presidente palestino, Mahmud Abbas, nesta quinta-feira.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, nesta quinta-feira.t. ghanaim (AFP)

Em uma surpreendente entrevista coletiva convocada na quinta-feira em um hotel de Jerusalém Leste, os dirigentes palestinos exigiram que a comunidade internacional reconheça imediatamente o Estado da Palestina após a vitória eleitoral do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “Não foi uma jogada eleitoreira, sua recusa à solução dos dois Estados é uma política que tem sido feita desde 2009, desde então Israel não cumpriu com nenhum de seus compromissos”, afirmou o negociador chefe da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, que advertiu que a reeleição do líder do Likud coloca o processo de paz em perigo.

“Nunca aceitaremos outra saída que não seja a solução dos dois Estados. Sobre o que vamos negociar se não for isso? Não quero que meu filho vire um terrorista suicida. Não queremos mais violência”, advertiu o dirigente palestino, que pediu aos Estados Unidos e aos países europeus que ainda não o fizeram a reconhecer o Estado palestino dentro das fronteiras anteriores a 1967.

A OLP suspenderá em duas semanas a cooperação sobre segurança

A Comissão Executiva da OLP também acertou na quinta-feira a abertura de um prazo de duas semanas para colocar em prática a suspensão da cooperação com Israel em matéria de segurança, uma decisão que foi aprovada dia 5 em Ramallah pela direção política palestina. Erekat denunciou que o Governo de Netanyahu “anulou” a capacidade de atuação da Autoridade Palestina ao cancelar a entrega ao Governo de Mahmoud Abbas dos impostos que arrecada em seu nome e bloquear o funcionamento de sua Administração. A transferência fiscal representa dois terços da renda orçamentária, de maneira que 140.000 funcionários palestinos viram seus salários diminuírem 40%.

A suspensão da cooperação em matéria de segurança, um dos últimos pontos dos acordos de paz de Oslo em 1993 que ainda eram aplicados, ameaça elevar a tensão entre israelenses e palestinos, cujas forças de segurança compartilham informação secreta para evitar ataques extremistas. “Israel terá que acabar assumindo sozinho a segurança como potência ocupante”, advertiu Erekat. A Autoridade Palestina se mostrou resistente em cortar os últimos laços com Israel, pois teme que cause o desaparecimento dos órgãos de autogoverno.

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O Executivo de Netanyahu tomou a medida de bloquear os fundos depois da incorporação da Palestina ao tratado regido pela Corte Penal Internacional (CPI).

O chefe negociador lembrou que em abril a adesão já começará a surtir efeito: “Enviamos informação para a promotoria da CPI agir oficialmente e abrir um relatório preliminar em relação aos assentamentos na Cisjordânia e a intervenção militar em Gaza no segundo semestre de 2014”. Erekat referendou assim a estratégia palestina de defender sua causa nas instituições internacionais. O Governo de Ramallah entende que mesmo Israel não tendo assinado o Estatuto de Roma de 1998, constitutivo da CPI, a justiça penal internacional pode examinar fatos ocorridos em território palestino.

No maior envio de ajuda desde o final da guerra de 2014, Israel autorizou na quinta-feira a entrada de mil toneladas de cimento na Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islâmico Hamas. O Catar financia a edificação de mil moradias em áreas arrasadas durante o último conflito na Faixa, onde mais de 100.000 pessoas perderam suas casas.

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