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Netanyahu surpreende na reta final e vence as eleições em Israel

Primeiro-ministro vai para o seu quarto mandato como chefe de Estado Likud, obteve 30 cadeiras contra as 24 da coalizão de centro-esquerda União Sionista

Foto: atlas | Vídeo: ATLAS / AFP
Juan Carlos Sanz

Israel acordou na quarta-feira com a surpresa da vitória do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Com praticamente todos os votos apurados, o conservador Likud obteve 30 cadeiras contra as 24 da coalizão de centro-esquerda União Sionista, liderada pelo trabalhista Isaac Herzog, em um Parlamento de 120 membros. Netanyahu derrotou as pesquisas, que previam sua derrota no final da campanha, com um resultado épico que destruiu também as pesquisas de boca de urna divulgadas na noite de terça-feira pelas redes de televisão, que davam um empate entre as duas formações. Agora ele se prepara para ser reeleito para um quarto mandato como chefe de Governo, o terceiro consecutivo desde 2009.

O esforço desesperado do líder do Likud na reta final da campanha parece ter adiantado para obter um inquestionável triunfo nas urnas. Netanyahu encontra-se agora em condições de negociar uma nova coalizão após vencer nas urnas em uma espécie de plebiscito de sua carreira política. Se, como parece previsível, forjar uma aliança que lhe proporcione uma maioria de mais de 61 cadeiras, estará no caminho para se transformar no primeiro-ministro há mais tempo no poder, superando até mesmo David Ben Gurion, fundador do Estado. 71,8% dos eleitores, acima da média de eleições anteriores, exerceu seu direito ao voto.

Aliança conservadora

Um sorridente Netanyahu comemorou de madrugada em Tel Aviv diante de centenas de seus seguidores a vitória do Likud antes da publicação oficial dos resultados. O primeiro-ministro, acompanhado no palanque por sua esposa, Sara, convidou os partidos conservadores a formar um “Governo nacional” no qual se comprometeu a responder as exigências da segurança e as preocupações da população sobre o custo de vida.

Benjamin Netanyahu está no caminho para se transformar no primeiro-ministro há mais tempo no poder, superando Ben Gurion

Apesar da eficaz campanha social realizada pelo candidato trabalhista, Netanyahu conseguiu impor sua agenda de segurança nas urnas. O líder da aliança de centro-esquerda União Sionista protagonizou, entretanto, um claro desafio à hegemonia que a direita israelense exerce desde 2001 e devolveu a relevância política a um Partido Trabalhista em decadência. Junto com sua aliada de centro, a ex-ministra Tzipi Livni, reconheceu sua derrota através de um comunicado e ligou para Netanyahu para parabenizá-lo.

A pressão de Herzog nas pesquisas obrigou o líder do Likud a dar uma guinada brusca à direita no final da campanha. Na reta final, o primeiro-ministro buscou o apoio dos colonos judeus ao anunciar que, se mantiver o poder, vetará a criação de um Estado palestino.

A estratégia permitiu que ele continuasse na disputa, mas causou baixas nas fileiras de seus aliados, como o ministro da Economia e líder do Lar Judeu, Naftali Bennet, cuja lista cai para oito cadeiras, e o ministro dos Assuntos Exteriores, o ultradireitista Avigdor Lieberman, que manteve-se com seis deputados em suas fileiras.

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Quando as pesquisas de boca de urna ainda prognosticavam um empate, o presidente de Israel, Reuven Rivlin, recomendou um pacto de grande coalizão entre as duas principais forças. Mas tanto Netanyahu como Herzog desprezaram imediatamente o pedido do chefe do Estado. O líder trabalhista, visivelmente preocupado ao falar para seus partidários, anunciou que vai tentar com todas suas forças constituir um “Governo social” que busque “a paz com os vizinhos”.

“A campanha foi marcada pelo personalismo acima dos programas dos partidos”, analisou o ex-porta-voz diplomático Yigal Palmor sobre os primeiros resultados. Gideon Rahat, professor de Ciências Políticas da Universidade Hebraica de Jerusalém e analista de eleições, assegurou que “o chefe do Likud teve um ataque de pânico ao ver as pesquisas e por isso deu um giro radical em sua campanha”. Na opinião desse analista, o líder da União Sionista não excedeu suas expectativas.

Nos resultados das eleições israelenses destaca-se o sucesso do partido centrista Kulanu, do ex-ministro das Comunicações Moshe Kahlon, que entra pela primeira vez no Knesset com 10 cadeiras. A popularidade de Kahlon no Gabinete anterior de Netanyahu disparou quando conseguiu baratear as tarifas da telefonia celular após abrir o setor para a concorrência. As 11 cadeiras somadas pelos também centristas do Yesh Atid, partido do ex-ministro das Finanças Yair Lapid, permitirá a entrada desses grupos no jogo dos pactos pós-eleitorais. Os partidos ultra ortodoxos judeus – Shas (sefaradim, com sete cadeiras) e União da Torá e o Judaísmo (ashkenazim, seis cadeiras) – mantêm sua cota de influência.

O movimento esquerdista Meretz vê-se reduzido a quatro cadeiras, com uma porcentagem de votos situada no limite que dá acesso ao Knesset. A outra grande surpresa das eleições é o bom resultado da Lista Conjunta de partidos árabes, que com 14 deputados se transformou na terceira força do Parlamento israelense.

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