_
_
_
_

China já é o terceiro maior exportador mundial de armamentos

Principal cliente do país é o Paquistão. EUA e Rússia monopolizam 58% do comércio global

Macarena Vidal Liy
Tanque militar sob a mira de uma arma na Ucrânia, país que fornece 13% das armamentos à China.
Tanque militar sob a mira de uma arma na Ucrânia, país que fornece 13% das armamentos à China.SERGEI KOZLOV (Efe)

A China é já o terceiro maior exportador mundial de armamentos. Embora sua percentagem do total global seja de apenas 5%, muito abaixo dos 58% que somam os dois grandes --Estados Unidos e a Rússia--, suas vendas ao exterior dispararam nos últimos cinco anos. Nesse período, a venda de armas do país cresceram 143% em relação aos últimos cinco anos, segundo o relatório publicado nesta segunda-feira pelo Instituto de Investigação para a Paz Internacional de Estocolmo (SIPRI).

Em todo mundo, o volume do comércio de armas cresceu 16% no período entre 2010 e 2014 em relação ao quinquênio 2005-2009. O aumento do fluxo teve como principais destinos a Ásia, que monopolizou 48% das importações, o Oriente Médio (22%) e o continente americano (10%), enquanto o volume de vendas para a Europa decresceu em 36%.

Mais informações
O comércio mundial de armamentos (em espanhol)
China tomará medidas caso a economia não cresça o suficiente
A Rússia exporta 27% das armas adquiridas no mundo
Espanha suspende “como medida cautelar” a venda de armas a Israel
A Espanha suspende a venda de material antidistúrbios ao Governo venezuelano

Os Estados Unidos se mantêm como o principal exportador de armamentos convencionais, com 31% do total após registrar um aumento de 23%no volume de vendas nos últimos cinco anos. O país tem a carteira de clientes mais diversificada, ao todo 94, o maior deles é a Coreia do Sul, que compra 9%. A Rússia, seu principal rival, também registrou um amplo crescimento nas exportações em 2010-2014, de 37%, e responde por 27% do total de exportações, com a Índia -o maior comprador mundial- como o melhor de seus 56 clientes.

Depois da China, o quarto e quinto lugares na lista de fornecedores mundiais correspondem a Alemanha e França, também com 5% cada um. O Reino Unido saiu da lista dos cinco maiores exportadores.

Três países que fazem fronteira com a Índia --Paquistão, Bangladesh e Mianmar-- monopolizam 68% do armamento chinês. O Paquistão é, de longe, o maior cliente da República Popular. O país que os diplomáticos chineses gostam de descrever como um “amigo em qualquer circunstância”, e que o presidente Xi Jinping deve visitar nos próximos meses, recebe 41% do armamento exportado pelo gigante asiático.

As compras de Pequim no exterior caíram 42% em cinco anos

Ao se consolidar como fornecedor global de armamentos, a China já vende a 38 países, 18 deles na África. Assim, vendeu três fragatas à Argélia, e drones à Nigéria. Seu alcance chega também à Venezuela, que comprou veículos blindados e aeronaves de treinamento e transporte, indica o SIPRI.

Sobre o aumento das vendas que a levou do nono lugar mundial que ocupava em 2005-2009 ao terceiro atual, a China afirma que “sempre é prudente e responsável em suas exportações de armas”. Pequim, conforme assegura o porta-voz de seu Ministério de Relações Exteriores, Hong Lei, afirma “que [esse comércio] deve ter como fim a melhora da capacidade de autodefesa do país receptor, não prejudicar a paz e a estabilidade mundiais ou regionais e não interferir em assuntos internos de outros países”.

Precisamente, a China, que tem segundo maior orçamento militar do mundo, encontra-se em pleno processo de modernização e profissionalização de suas Forças Armadas. Seu gasto militar aumentou em percentagens superiores a 10% nos últimos cinco anos. Em uma amostra dos avanços em sua indústria de Defesa, tornou-se menos dependente das importações. Se em 2005-2009 era o maior comprador mundial, cedeu agora esse posto a seu rival militar regional, a Índia. Entre 2010 e 2014 suas aquisições de armas caíram 42% em relação ao quinquênio anterior. Seu principal fornecedor foi a Rússia, que lhe vendeu 61%. A França vendeu 16%, e a Ucrânia, 13%.

Os Estados Unidos continuam sendo o maior vendedor, com 31% do volume total

Os helicópteros estão entre os principais itens comprados da Rússia e da Ucrânia. A China, que concentra sua modernização militar nas suas forças de mar e ar, tradicionalmente enfrenta problemas para produzir motores próprios para aeronaves com qualidade suficiente. Nos últimos cinco anos, indica o SIPRI, Pequim continuou importando um grande número de motores russos e ucranianos para aeronaves de combate, transporte e treinamento e para navios de guerra.

A imprensa oficial chinesa prometeu “avanços” para este ano na produção de aviões militares próprios. Sua maior aeronave de transporte de produção nacional, o Xian E-20, estará pronta para a entrega “em breve”, assegurava no início deste mês a agência oficial Xinhua, citando Tang Changhong, engenheiro-chefe adjunto da Corporação Industrial de Aviação da China (AVIC). Além disso, a maior aeronave anfíbia a China, a AG600, que será utilizada em operações de resgate, efetuará seu primeiro voo no ano que vem, segundo a Xinhua.

Índia, maior importador mundial

A Índia foi o maior importador mundial de armamentos no período 2010-2014, quando suas compras representaram 15% do total global, segundo o relatório publicado na segunda-feira pelo Instituto de Investigação para a Paz Internacional de Estocolmo (SIPRI). Nesse quinquênio, as aquisições indianas de armas cresceram 140% em relação aos cinco anos anteriores e foram três vezes maiores que as de seus principais rivais regionais, China e Paquistão.

“A Índia até o momento fracassou na hora de produzir armas competitivas de projeto próprio e continua dependente das importações”, assinala o SIPRI em seu relatório sobre as tendências no comércio mundial de armas.

Seu principal fornecedor entre 2010 e 2014 foi a Rússia, que vendeu 70% do total. Israel, 7% e, no que representa uma ruptura com o comportamento anterior de Nova Delhi e uma confirmação da boa sintonia com Washington nos últimos anos, os Estados Unidos venderam 12%. Antes de 2005-2009, a Índia quase não importava armamento americano.

“Parece haver uma tendência à alta nas importações dos Estados Unidos”, aponta o SIPRI. As aquisições dos Estados Unidos entre 2010 e 2014 foram 15 vezes maiores que no quinquênio anterior, e incluíram armas avançadas como aeronaves antisubmarinas. Em 2014 houve um acordo sobre compras adicionais, incluindo 22 helicópteros de combate.

A Arábia Saudita é o segundo maior comprador global.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_