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Cate Blanchett: “Na minha casa não há espelhos”

Familiar e discreta, a atriz foge da vaidade que acompanha grandes estrelas

Cate Blanchett durante uma coletiva de imprensa em Beverly Hills.
Cate Blanchett durante uma coletiva de imprensa em Beverly Hills.Cordon Press

Se há uma constante em Cate Blanchett, além de seu talento e sua beleza, é o fato de que nunca sabe o que está vestindo. Ou pelos menos é o que a admirada atriz sempre diz, seja nas telas ou no tapete vermelho. Falsa modéstia? Provavelmente. Seria ironia a falta de memória de uma intérprete como a australiana, eternizada tanto por sua filmografia (O aviador, a trilogia de O Senhor dos Anéis e de O Hobbit, Blue Jasmine e agora Cinderela) como por sua elegância ao vestir modelos de Balenciaga, Dior, Armani, Galliano e Gaultier, entre outros.

"Tudo ajuda. O cabeleireiro, o maquiador, usar um vestido que um estilista desses fez para você", admite sem decoro. Mas a identidade não depende de suas roupas nem de seus troféus. "É algo muito mais fluído", tenta explicar. O Oscar, e os prêmios em geral, proporcionam um salto, e ela não nega. "De uma indecência desproporcional", especifica. E a experiência no tapete vermelho — sempre "horrenda"— a deixa muito nervosa. "Este ano foi um pouco mais agradável e fiquei menos nervosa porque ia entregar a estatueta", acrescentou sobre o momento no qual entregou o prêmio de melhor ator a Eddie Redmayne.

E a vaidade? Onde fica? "Em minha casa não há espelhos, menos no chuveiro, onde você pode se olhar de todos os ângulos. E isso é bom porque, assim, os banhos são mais rápidos, o que é muito benéfico, e não só para o meio ambiente", confessou a atriz, muito preocupada com a preservação ambiental. Em um desses momentos, nos quais a ficção imita a realidade, Blanchett é a madrasta da nova Cinderela – que estreia no dia 26 de março no Brasil – e acaba de anunciar a chegada à casa de sua filha adotiva, a pequena Edith Vivian Patricia Upton. Com três filhos homens (Dashiell, 13 anos; Roman, 10 anos, e Ignatius, 6 anos) que teve com seu marido, o diretor teatral Andrew Upton, Blanchett não esconde que queria ter uma menina em casa.

Cate Blancett, caracterizada como a madrasta da Cinderela.
Cate Blancett, caracterizada como a madrasta da Cinderela.CORDON PRESS

"Os meninos podem ser uns diabos", afirmou sobre sua prole. "Mas são muito divertidos. Eles me fazem rir constantemente. Agora estamos nessa fase na qual tudo o que faço e tudo o que digo os envergonha. No outro dia, estávamos no carro e começamos a cantar no meio da estrada até que me disseram que eu me calasse porque alguém podia me ouvir", contou. A família vive em uma casa que compartilham com o cachorro, Carol, e onde, segundo a atriz, domina a imaginação. "Indo a outras casas me dei conta de que meus filhos não têm muitos brinquedos, mas, depois, me surpreendem, porque quando ofereci ao meu mais velho um Kindle de presente de Natal, para que não tivesse que carregar tantos livros, ele me disse que gostava do cheiro do papel. Devemos ter feito algo certo".

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A atriz, de 45 anos, não quis dar mais detalhes sobre Edith, mas não se importou em falar da casa que, a partir de agora, a nova pequena vai passar a aproveitar junto com o resto da família. Uma casa onde a leitura é considerada um hábito importante —"inclusive os contos de fadas"—, e o mesmo acontece com os estímulos visuais. "Já sei que sempre que estou em público me vejo neste tipo de situações, falando. Mas te surpreenderia o pouco que costumo falar. Em casa eu gosto de escutar. No supermercado, no parque, observar as outras crianças. Sou extremamente visual, e assim que tenho algum dinheiro economizado invisto em nossa coleção de pintura e escultura", afirma, sem citar artistas. "Tenho um gosto muito eclético", acrescenta. Gostaria de ter um quadro de Lucian Freud, e Gerhard Richter é outro de seus preferidos. "Pintores extraordinários e que foram uma grande influência para mim, mas que fogem do meu orçamento", ri Blanchett, que, segundo a revista Forbes, goza de uma fortuna equivalente a 145 milhões de reais. "Não sou das que têm um Picasso ou um Rembrandt. Minha coleção de arte é modesta. Além disso, como disse Eddie [Redmayne] sobre o Oscar, sou dessas pessoas que sentem que a arte não nos pertence. Somos apenas os guardiões de um trabalho que transcende as fronteiras."

A atriz, com o marido e os três filhos, em Port Vila (Vanuatu), em julho de 2014.
A atriz, com o marido e os três filhos, em Port Vila (Vanuatu), em julho de 2014.CORDON PRESS

Suas próprias fronteiras também estão a ponto de mudar. Blanchett cogita se mudar com a prole inteira da sua Austrália natal para os Estados Unidos, de onde, apesar da fama e dos laços familiares (seu pai é do Texas), fugiu a vida toda. São vários os projetos que exigem a presença dela nesse país, e seu marido encerrou seu contrato de trabalho à frente da companhia nacional de teatro em Sydney. É "o mais lógico", diz ela sobre a possível mudança. Além disso, justifica-se, é alguém que busca viajar o mínimo possível, e quando viaja não hesita em levar a família. "Este ano visitamos Auschwitz com as crianças. É esse tipo de lembrança da qual nunca esquecerei. Uma experiência única."

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