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Papa teme “mexicanização” da violência na Argentina

Francisco está preocupado com o avanço do narcotráfico no território argentino

Alejandro Rebossio
O Papa no Vaticano, no sábado.
O Papa no Vaticano, no sábado.MAURIZIO BRAMBATTI (EFE)

O papa Francisco está preocupado com o avanço da violência do narcotráfico em seu país. Em um correio eletrônico que enviou no domingo a um amigo que é vereador em Buenos Aires, Gustavo Vera, o pontífice lhe disse: “Tomara que tenhamos tempo de evitar a mexicanização. Estive falando com alguns bispos mexicanos e a coisa é de terror”.

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Nem o Governo da Argentina nem o do México comentaram ainda a mensagem de Jorge Bergoglio, mas não se descarta a possibilidade de que possa incomodar a ambos. Nem mesmo houve uma confirmação oficial do Vaticano sobre a veracidade do e-mail, embora não seja a primeira vez que o vereador Vera torna públicas as mensagens que lhe são enviadas pelo papa, que nunca o desmentiu. No ano passado, por exemplo, Vera falou das críticas que Francisco fez à repressão das polícias sob o comando do Governo de Cristina Kirchner e do prefeito de Buenos Aires e candidato presidencial, o conservador Mauricio Macri, no despejo de um bairro de favelas. Vera milita em uma fundação contra o trabalho escravo chamada A Alameda e formou um partido próprio, o Bem Comum.

Não é a primeira vez que a Igreja expressa sua preocupação com o avanço do narcotráfico na Argentina, apesar da violência no país não ter alcançado o nível do México, América Central, Colômbia ou Brasil. Em 2013, quando o ex-arcebispo de Buenos Aires já tinha assumido o pontificado, os bispos argentinos alertaram em um documento: “Se os dirigentes não tomarem medidas, erradicar as máfias do narcotráfico custará muito tempo e muito sangue”.

Índice de homicídios de Rosário é igual ao do Brasil; cifra também sobe no sul de Buenos Aires

A Argentina ainda é o terceiro país latino-americano com a menor taxa de homicídios para cada 100.000 habitantes, com 5,5 por ano, tendo abaixo apenas o Chile e Cuba. Está longe dos 82 da Venezuela, 68,6 de El Salvador, 66,6 de Honduras, 38,5 da Guatemala, 27,5 da Colômbia, 25 da República Dominicana, 23,7 do México e 21,8 do Brasil.

A violência do tráfico de drogas chegou a alguns municípios e bairros da Argentina. Rosário, a terceira cidade em população, alcançou a cifra mais elevada de assassinatos no país, com 21 para cada 100.000 habitantes, proporção semelhante à do Brasil. É chamada de ‘Medellín Argentina’, embora essa cidade colombiana tenha chegado a ter um índice de homicídios de 381 no início dos anos noventa, cifra que baixou para 26 em 2014. A polícia aparece muitas vezes como cúmplice do tráfico de drogas em Rosário e outras cidades da Argentina, como Buenos Aires e Córdoba.

Mas na capital argentina e seus subúrbios também aumentam os ajustes de contas entre narcotraficantes. Na Grande Buenos Aires (periferia), o município de Quilmes apresenta uma taxa de homicídios de 12,2; La Matanza, 10, e San Martín, 9,5. Nos bairros do sul da cidade autônoma de Buenos Aires, o índice chega a 13,1. Esse indicador inclui Flores, Barracas, Villa Lugano e Villa Soldati, áreas aonde Bergoglio costumava ir de ônibus e caminhar sozinho entre as favelas.

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