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Em 7º ato, MPL realiza ‘casamento’ de Fernando Haddad com a catraca

Movimento Passe Livre sai em manifestação debaixo de chuva pelo centro da cidade e admite que "uma pressão feita na Prefeitura é mais favorável" do que no Governo estadual

Marina Rossi
O boneco de Haddad, no 'casamento' com a catraca.
O boneco de Haddad, no 'casamento' com a catraca.Eduardo Anizelli (Folhapress)

Debaixo de uma chuva que deu pouca trégua, o Movimento Passe Livre realizou nesta sexta-feira o sétimo 'Grande Ato Contra a Tarifa' no centro de São Paulo. Com essa manifestação, o MPL conclui um mês seguido de atos semanais nas ruas do centro da cidade. A concentração ocorreu em frente ao prédio da Prefeitura, por volta das 17h, e, antes de sair em marcha, perto das 19h, os militantes realizaram uma 'cerimônia' em que 'casaram' o prefeito Fernando Haddad (PT), representado por um boneco, com  uma catraca. "Mostramos aqui hoje que a união do prefeito com a catraca não é abençoada pelo povo", disseram os líderes do movimento, no final da marcha. "Por isso, seguimos lutando por uma vida sem catraca".

A 'cerimônia' deixa claro o que há algum tempo o MPL vem demonstrando nas ruas: o alvo das manifestações contra o aumento da tarifa do transporte público - ônibus, de responsabilidade da Prefeitura, e trem e metrô, administrados pelo Governo do Estado - é o prefeito de São Paulo. O governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), segue pouco lembrado nas ruas. "Somos do MPL de São Paulo, então, o nosso foco é o município", explicou Marcelo Hotimsky, uma das chamadas 'figuras públicas' do movimento. "Fazendo atos no centro da cidade, estamos de cara com a Prefeitura, e uma pressão feita na Prefeitura é mais favorável, já que o Haddad tentará a reeleição no ano que vem", disse.

A manifestação terminou sem repressão policial no terminal de ônibus do Parque Dom Pedro II, no centro da cidade. De acordo com o comandante da operação, o tenente coronel José Eduardo Bexiga, 300 policiais acompanharam o ato. Ainda segundo a Polícia Militar, a marcha reuniu cerca de 80 pessoas na concentração e por volta de 200 pessoas no final. O número representa uma diminuição significativa no tamanho da marcha, pese a forte chuva que caiu no dia.

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Segundo Andreza Delgado, do MPL, a repressão policial continua sendo um fator importante para explicar o por quê o movimento não cresce. "A repressão policial afasta as pessoas do movimento", disse. "Mas, mais importante do que fazer atos cheios, é a discussão sobre o transporte". Segundo ela, mirar na prefeitura da cidade não significa que o movimento tomou partido. "Em 2011 fomos para as ruas e o prefeito era o [Gilberto] Kassab (PSD)", disse. "Na época, fomos, inclusive, até a casa dele também. Na visão do movimento, tarifa não tem partido".

Depois do sétimo ato, não houve uma nova manifestação no centro de São Paulo agendada, mas sim, marchas mais pontuais em diferentes zonas da cidade. Segundo Marcelo Hotimsky, é muito provável que um novo ato seja marcado no centro durante o carnaval, embora o trabalho maior de base continue sendo na periferia. "Não se faz o mesmo jogo duas vezes", disse, em relação ao ano de 2013, quando milhares de pessoas foram às ruas contra o aumento da tarifa, que acabou sendo revogado.

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