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Ato do MPL fora do centro de São Paulo termina sem repressão policial

Cerca de 5.000 participaram de manifestação contra o reajuste da tarifa na zona leste

Marina Rossi
Manifestantes na zona leste de São Paulo.
Manifestantes na zona leste de São Paulo.Brazil Photo Press/Folhapress

Cumprindo o discurso que vem pregando desde o início do ano, o Movimento Passe Livre saiu do centro de São Paulo, nesta terça-feira, e organizou o terceiro ato contra o aumento da tarifa do ônibus, trem e metrô em uma região mais periférica da cidade.

A manifestação ocorreu no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo, e reuniu cerca de 5.000 pessoas, segundo a Polícia Militar e os próprios manifestantes. Essa sintonia entre ambas as partes, foi, segundo o capitão Storai, a responsável pelo clima pacífico do início ao fim do ato, que começou na Praça Silvio Romero e terminou no Largo do Belém. "Eles (as lideranças do MPL) fizeram o um acordo comigo e eu fiz um acordo com eles", disse Storai. "Da minha parte, eu cuidaria da segurança. E da parte deles, não haveria depredação", disse. "Por isso, tudo está ocorrendo bem, a manifestação está bonita e pacífica", afirmou o capitão pouco antes do fim do ato.

Para o MPL, porém, o clima pacífico ocorreu porque "a polícia não reprimiu", segundo afirmou Nina Capelo. "Conseguimos dialogar bem com o bairro e mostrar que o nosso ato é pacífico", disse ela. Embora o número de participantes tenha sido o mesmo que o da primeira manifestação do ano, há dez dias, o efetivo policial mobilizado para esse ato no Tatuapé foi quase a metade: 450 policiais. A atitude da PM também foi diferente, já que os policiais não formaram aquele tradicional cordão em volta dos manifestantes. "O objetivo da polícia quando 'envelopa' o ato é proteger o patrimônio", explica Luíze Tavares, do MPL. "Como aqui na periferia não tem patrimônio, eles ficam mais soltos. Mas eles estão todos aí", disse.

Após duas manifestações seguidas que terminaram em uma forte ofensiva da polícia, o clima de medo, antes do início deste terceiro ato, era grande. "Eu estou com medo hoje. Na última manifestação, a polícia começou a encurralar todo mundo", disse a professora Lucimar Ferreira, que mora na Penha (zona leste) e trabalha em Taboão da Serra (município ao extremo oeste da cidade). Para chegar ao trabalho, ela pega dois ônibus e dois metrôs, em um percurso que dura cerca de duas horas e meia. Apesar disso, ela não é a favor da tarifa zero, principal bandeira do MPL. "Eu quero que a tarifa fique em três reais. Eu não desgosto do [prefeito Fernando] Haddad e sei que ele está sem dinheiro para fazer as coisas. Mas eu não tenho 140 reais para comprar o Bilhete Único Mensal", diz.

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Para o vendedor de jornais da banca da Praça Sílvio Romero, onde o ato começou, a manifestação deveria se concentrar nos terminais de ônibus. "Se quer baixar a tarifa, tem que fechar os terminais", disse Silvando de Oliveira. Ele concorda com Lucimar sobre a preferência pelo prefeito. "Eu gosto do PT. Temos que reconhecer que quem criou os corredores de ônibus e o Bilhete Único foi o PT", disse.

"Estamos aqui porque longe do centro é onde as pessoas sofrem mais com o transporte público", disse Heudes Cássio Oliveira, do MPL. "A nossa ideia é nos organizarmos para que cada vez mais tenha manifestação na periferia", contou.

Realizada em um horário de pico, a manifestação causou transtorno no trânsito dos arredores do bairro, principalmente quando fechou parte da Radial Leste, via que liga o centro à zona leste da cidade. Ivo de Oliveira, motorista que acabou ficando parado no trânsito, disse porém que não se importava com o congestionamento. "Eu apoio a causa e não ligo de ficar parado", disse, enquanto colocava no painel do carro o cartaz "Tarifa zero", que ganhara de um manifestante.

Depois do fim da manifestação, a maioria das pessoas se dirigiram à estação de metrô Belém. Ali, houve início de tumulto. Alguns equipamentos foram depredados e algumas pessoas que passavam pelo local, voltando do trabalho, entraram em pânico. A estação ficou fechada por alguns minutos e logo foi aberta novamente.

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