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Em Berlim, Bachelet tenta estreitar laços com União Europeia

Acordo de cooperação com a Alemanha abrange várias áreas Entre elas, energias renováveis, inovação científica e capacitação profissional

Angela Merkel (à direita), recebe a presidenta chilena.
Angela Merkel (à direita), recebe a presidenta chilena.S. (AFP)

A presidenta do Chile, Michelle Bachelet, iniciou na segunda-feira, em Berlim, uma visita oficial de dois dias à Alemanha, marcada pelas boas relações entre os dois países, e com os objetivos de buscar um novo acordo de associação entre a nação sul-americana e a União Europeia e de dar ênfase à cooperação entre os dois países em diversas áreas, como energia renovável, inovação científica e tecnológica e formação técnica profissional, nas quais a Alemanha goza de uma merecida liderança.

A mandatária chilena, que chegou no domingo à capital alemã, se deparou em Berlim com um clima que poucos líderes políticos mundiais encontram durante suas visitas oficiais. No sábado, a chanceler alemã, Angela Merkel, fez um gesto mais do que amável para dar as boas-vindas a Bachelet quando, por meio de sua mensagem semanal em vídeo, destacou as “excelentes relações” que unem os dois países e a boa sintonia que existe entre ambas, por conta do conhecimento que a líder chilena tem da Alemanha, adquirido na época em que permaneceu exilada na extinta República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental).

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A boa sintonia entre a mulher mais poderosa do mundo e a presidenta do Chile ficou clara quando Michelle Bachelet chegou à sede do governo alemão para um almoço de trabalho com Merkel. Depois de ser recebida com honras militares e manter uma reunião que durou menos de uma hora, Merkel e Bachelet apareceram diante da imprensa, um compromisso obrigatório no qual ambas se referiram à necessidade de se renovar o acordo de associação que o Chile fechou com a União Europeia há 11 anos.

Em um gesto que não passou despercebido, a chanceler apoiou o desejo do Governo chileno de renegociar um novo acordo entre a UE e o país andino. “É preciso implementar o livre comércio no mundo porque em todos os lugares onde existem tratados de livre comércio as exportações aumentam e cria-se novos empregos”, afirmou Merkel. “Vamos impulsionar as negociações com o Chile na União Europeia”.

Durante a entrevista coletiva conjunta, Michelle Bachelet lembrou que o Chile vem há tempos negociando um novo acordo, depois de comprovar que o primeiro foi bem-sucedido. “Depois de mostrar que o Chile é um país que cumpre integralmente com seus deveres, queremos renovar esse Tratado”, disse, ao ressaltar que já foram aprovadas modificações no âmbito político e que só falta que as partes cheguem a um acordo no plano comercial.

É preciso implementar o livre comércio no mundo porque ele aumenta as exportações e cria novos empregos" Angela Merkel, chanceler da Alemanha

A presidenta chilena também anunciou o desejo de seu governo de discutir um tratado global de extradição com os 28 países membros da União Europeia, para evitar o surgimento futuro de problemas como o ocorrido em junho em Hamburgo, quando a Justiça da cidade alemã rejeitou o pedido de extradição para o Chile da francesa Marie Emmanuelle Verhoeven, supostamente envolvida no assassinato do senador e fundador do partido União Democrata Independente chileno Jaime Guzmán, em abril de 1991.

A Corte de Hamburgo recusou o pedido baseando-se no fato de não existir um acordo bilateral de extradição entre os dois países.

“Foi um encontro entre amigas, marcado pela cordialidade e por um clima excelente”, revelou um dos presentes ao resumir com poucas palavras a atmosfera que cercou a reunião na sede da chancelaria, além da sintonia entre as duas líderes, que foi expressada em um comunicado conjunto.

No documento, a parte alemã destaca que, para a Alemanha, o Chile é e continuará sendo um parceiro confiável e previsível com quem partilha muitos interesses comuns, apesar da grande distância que separa os dois países. Como já era esperado, o comunicado destaca que ambos estão decididos a seguir impulsionando a cooperação nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e fomento de energias não convencionais renováveis e a incentivar o intercâmbio acadêmico e a formação técnica profissional, apesar de não terem sido fornecidos detalhes.

Para a Alemanha, o Chile é um parceiro confiável e previsível com quem partilha muitos interesses em comum

O documento, no entanto, não menciona um capítulo importante nas relações entre os dois países e que foi citado pela presidenta do Chile: o exílio chileno. “Muitos chilenos moraram na República Federal Alemã (RDF ou Alemanha Ocidental), outros foram para a RDA. Eu diria que nós, chilenos que estivemos de um lado e do outro, só temos a agradecer. Agradecer por termos sido acolhidos em momentos muito difíceis para cada uma das famílias que vieram para ambos os lados da Alemanha”.

Depois de deixar a chancelaria, a mandatária chilena realizou duas visitas de cortesia: a primeira ao presidente da Alemanha, Joachim Gauck, e a segunda ao prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, com quem visitou o emblemático Portão de Brandemburgo.

Bachelet participou também de uma conferência no fórum chileno-alemão de Mineração e Recursos Naturais Minerais, e terminou seu primeiro dia em Berlim com um jantar oferecido a personalidades das áreas empresarial, política e científica. Antes de embarcar para a Espanha, nesta terça-feira, a presidenta foi a convidada de honra de um dos encontros anuais realizados pela Associação Empresarial para a América Latina, que reúne empresas alemãs com interesses na região.

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