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Mercado financeiro castiga a reeleição de Dilma Rousseff

A Bolsa de Valores amanheceu em queda de 6% e o dólar subiu para 2,54 reais

Marina Rossi
A abertura da Bolsa de São Paulo nesta segunda-feira.
A abertura da Bolsa de São Paulo nesta segunda-feira.EFE

Como era de se esperar, o mercado reagiu mal à reeleição da presidenta petista Dilma Rousseff. Nesta segunda-feira, dia seguinte às eleições, a Bolsa de Valores amanheceu em queda de 6%, quando abriu, às 10h, e o dólar avançava 3,46%, saltando para 2,54 reais na venda. Até o início da tarde, as ações da Petrobras haviam registrado uma queda em torno de 13%. “Não se esperava nada diferente disso”, diz Alex Agostini, analista da Austin Corretora.

Para Agostini, a volatilidade dos investidores deve permanecer, prevalecendo o nervosismo, enquanto Dilma não se pronunciar a respeito da política econômica que adotará pelos próximos quatro anos. “O mercado está muito indignado com a política econômica do Governo.”, diz Agostini. “Por isso, até que o Governo faça declarações sobre a condução da política econômica, na área monetária e internacional, de controle de inflação e ajuste fiscal, o mercado deve reagir com bastante nervosismo”, explica.

Neste domingo, em seu discurso de vitória, a presidenta agora reeleita acenou aos investidores, anunciando que dará "mais impulso" à atividade econômica em todos os setores, especialmente no industrial. Rousseff afirmou que promoverá "com urgência" as ações para a retomada do crescimento econômico.

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Mas sozinhos, os anúncios não devem acalmar os agentes financeiros. Além do pacote de medidas, outra expectativa é em relação ao futuro ministro da Fazenda, já que Dilma Rousseff sinalizou, ainda no primeiro turno das eleições, que o atual ministro Guido Mantega não deve permanecer no Governo. Especulações citam o nome do atual ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante como novo ministro da Fazenda, mas essa informação não é oficial. A permanência ou não do atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, é outra dúvida que inquieta os investidores.

“O mercado deve viver uma situação de montanha russa, mas com mais descidas que subidas”, diz Agostini. Sabendo disso, é provável que o Governo se apresse em anunciar ao menos parte das suas medidas na área econômica. Mas segundo o analista, as políticas adotadas não devem apresentar mudanças significativas, ao menos não no primeiro ano. “As mudanças serão graduais. Não esperamos uma mudança total de gestão, até porque não é o ideal do PT”, diz Agostini.

Com uma reeleição apertada, Dilma Rousseff precisará agradar o mercado se quiser fazer um sucessor em 2018. E isso significa uma mudança nos rumos da sua política econômica. “Ficou evidente nessa eleição que há um grande risco de que se não houver mudanças significativas, o PT perderá as próximas eleições”, diz Agostini. Para ele, uma das medidas que o Governo deve anunciar será acelerar o processo de concessões para desonerar o Governo dos investimentos em algumas áreas, já que o corte de gastos será fundamental.

Segundo a Austin Corretora, o país deve crescer 0,3% neste ano. Porém, Agostini avisa que essa previsão está sendo revisada, embora ainda não possa dizer o número final. “Estamos em processo de revisão, muito provavelmente para baixo. Existe a possibilidade, inclusive de uma pequena queda do PIB neste ano”.

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