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Morre um religioso espanhol que contraiu ebola em Serra Leoa

O missionário, que contraiu o vírus na África, onde trabalhava como médico, havia sido repatriado

Elena G. Sevillano
Imagem de Manuel García Viejo, feita em 2013, em Serra Leoa.
Imagem de Manuel García Viejo, feita em 2013, em Serra Leoa.AP

O religioso espanhol Manuel García Viejo morreu na tarde de quinta-feira, às 12h55 (no horário de Brasília), no hospital Carlos III de Madri, na Espanha, onde estava internado depois de ser repatriado da Serra Leoa na madrugada de segunda-feira. O missionário, que contraiu ebola na localidade de Lunsar, onde trabalhava como diretor médico do hospital, pertencia à Ordem de São João de Deus.

O estado de saúde de Manuel García Viejo, de 69 anos, sofreu “uma piora dentro do estado grave no qual já se encontrava”, segundo informaram fontes da ordem a qual pertencia, na manhã de quinta.

García Viejo era médico especialista em medicina interna e diplomado em medicina tropical, e pertencia a essa ordem há 52 anos. Nos últimos 30 anos havia trabalhado na África. Há 12 anos era diretor médico do hospital San Juan de Dios de Lunsar, que estava em quarentena por conta do ebola mas reabriu poucos dias antes do missionário começar a notar os sintomas da doença.

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O religioso foi levado de Lunsar para a capital de Serra Leoa, Freetown, na tarde da quinta-feira da semana passada para ser internado em um hospital especializado em ebola dirigido por uma ONG italiana. As análises do missionário foram feitas na sexta-feira e os resultados ficaram prontos na madrugada de sábado. O Governo anunciou sua repatriação na tarde de sábado, que havia sido pedida pelo mesmo horas antes.

Apesar dos médicos que estavam cuidando do caso do missionário espanhol avaliarem as possíveis terapias experimentais que poderiam ser aplicadas, no final, não administraram nenhum tratamento específico, além do de suporte. As doses do soro experimental ZMapp, que foi aplicado em Miguel Pajares, o primeiro paciente de ebola repatriado para a Europa, que morreu cinco dias depois de voltar, estão esgotadas, o que fez com que a opção mais forte fosse a do soro hiper-imune, ou seja, usar um componente do sangue de um sobrevivente do ebola.

“Existem coisas que não podem ser concebidas”, comentou José Luis Garayoa, missionário dos Agustinos Recoletos e amigo de García Viejo, em conversa telefônica de Serra Leoa. Assegurou que essa é a notícia que menos esperava: “Ontem à noite morreu uma garota de 11 anos, não de ebola, de outra coisa que não a teria matado na Europa. De manhã, fui levar arroz para uma aldeia pois um rapaz havia morrido. E agora Manuel também morreu”.

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