Seis meses de prisão e 91 chibatadas para os iranianos do videoclipe ‘Happy’
Uma das participantes recebe mais seis meses de reclusão por postar a gravação no YouTube e por ter álcool em casa. As penas permanecem suspensas
A Justiça iraniana condenou a seis meses de prisão e 91 chibatadas os seis jovens que, em maio passado, foram detidos por imitar o videoclipe Happy, de Pharrell Williams, segundo informou o site da Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã. O homem acusado de dirigir a gravação também foi condenado. Os sete, que foram julgados na semana passada, foram declarados culpados pelos crimes de “participar da produção de um vídeo vulgar” e de “manter relações ilícitas”. Apesar disso, a aplicação das penas foi suspensa, o que significa que eles não serão privados de liberdade nem sofrerão o castigo físico. A sentença é divulgada justamente às vésperas da visita do presidente Hasan Rohani a Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU.
Segundo fontes da ONG, que tem sede em Washington, os advogados de defesa apresentaram queixas quanto ao tratamento policial e as buscas nas casas dos jovens durante sua detenção. Eles também fizeram objeção à acusação por “relações ilícitas”, que no Irã significa qualquer contato entre pessoas de sexos diferentes sem relação familiar direta. Os jovens agora condenados dançavam juntos no vídeo que teve um grande número de visitas na internet e que causou escândalo entre as puritanas autoridades iranianas. Além disso, as jovens que apareciam no vídeo estavam sem o véu que é obrigatório para todas as mulheres dentro do país.
A prisão dos jovens em maio provocou uma grande agitação internacional. Ao serem colocados em liberdade, após o pagamento de caras fianças, foi revelado que eles tinham sido maltratados durante sua detenção. Além disso, a televisão estatal divulgou uma gravação na qual “confessavam” o suposto crime e expressavam remorso, uma prática habitual no Irã e que tem sido repetidamente condenada pelas organizações de defesa dos direitos humanos.
O acusado de dirigir o vídeo, Sasan Soleimani, realizou as fotos da campanha presidencial de Rohani em 2013 e foi quem sugeriu aos responsáveis a cor roxa para identificar o candidato, segundo ele mesmo contou à revista Zendegui. Um tuíte do presidente, pouco depois da detenção dos jovens, foi interpretado como um gesto de apoio.
“A #Felicidade é o direito de nosso povo. Não devemos ser duros demais com os comportamentos causados pela alegria”, apareceu em sua conta de Twitter no dia 21 de maio. Era uma mensagem que já havia difundido durante um discurso em junho de 2013, somente duas semanas depois de ter ganhando as eleições.
A distância entre essa atitude compreensiva e as condenações conhecidas hoje (embora ainda não tenham sido anunciadas oficialmente) revela as tensões que existem entre os setores moderados e mais radicais dentro do regime iraniano. Talvez seja apenas uma coincidência que a sentença seja divulgada nas vésperas da visita de Rohani à ONU, mas sem dúvida vai destacar para seus interlocutores a enorme distância que existe no Irã entre a retórica e a situação dos direitos humanos.
Todos os acusados estiveram presentes no julgamento que se realizou no último dia 9. Além de Soleimani, os jovens condenados são Neda Motameni, Afshin Sohrabi, Bardia Moradi, Roaham Shamekhi, uma garota identificada apenas como Sepideh e Reyhaneh Taravati. No caso desta última que aparecia como a diretora artística da gravação, a pena foi aumentada para um ano de prisão, porque também foi acusada de “subir e distribuir o vídeo no YouTube” e de “posse de álcool” em sua residência.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.