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Emma Watson se une à causa das feministas uruguaias

A atriz britânica provoca tumulto ao redor do Parlamento, ao qual compareceu para promover a paridade na política

Watson em sua primeira missão como embaixadora da ONU Mulheres.
Watson em sua primeira missão como embaixadora da ONU Mulheres.AFP (Miguel Rojo)

As aguerridas feministas uruguaias receberam nesta quarta-feira o inesperado reforço da atriz britânica Emma Watson, que realizou no Uruguai sua primeira missão como embaixadora da ONU Mulheres e conseguiu lotar o Parlamento com uma incomum mistura de adolescentes febris, militantes e políticos.

Sorridente e um pouco desorientada, Watson pôs sua fama mundial a serviço da paridade política no Uruguai, uma causa tão complexa como a legislação uruguaia sobre a questão. O país rioplatense tem um porcentual de participação feminina no Parlamento de 11%, uma das mais baixas da América Latina, “menor que nos países árabes”, segundo reconheceu o vice-presidente Danilo Astori.

Há cinco anos, deputados e senadores votaram uma lei de paridade que garantia 30% dos postos nas listas eleitorais às mulheres. Mas numa reviravolta insólita se decidiu que a norma seria válida somente uma vez, ou seja, apenas nas eleições de 2014. Faltando 39 dias para a votação e a campanha mais disputada do que nunca, as feministas uruguaias tentam obter o compromisso dos candidatos de que a paridade se manterá, e que seja por tempo indefinidamente.

Portanto, a jovem intérprete de Hermione na saga de Harry Potter veio a Montevidéu pôr o dedo na ferida, em plena campanha eleitoral. “Os partidos acataram a lei da paridade escrupulosamente, se alguém olha as listas eleitorais, em todas aparecem dois homens e uma mulher, de modo que sucessivamente se limitaram aos 30%, mas só isso, nem um posto mais”, disse Lucy Garrido, da ONG Cotidiano Mulher.

Na prática, as feministas consideram que a lei de cotas permitiu a presença de mulheres com experiência e trajetória política nas relações de todos os partidos, algo que de outra forma não teria acontecido. A agenda da mulher, no entanto, é quase inexistente nesta campanha, apesar de uma das propostas mais ambiciosas da esquerdista Frente Ampla (FA) consistir em promover a incorporação da mão de obra feminina ao mercado de trabalho. “Tabaré Vázquez e Raúl Sendic (os candidatos da FA) apresentaram o projeto junto com nove homens, sem que houvesse uma só mulher. São coisas reveladoras”, afirma Lucy Garrido.

Emma Watson entendeu as sutilezas da legislação uruguaia e a inércia machista dos políticos? De qualquer modo, a ONU Mulheres estava a par do contexto e pôde comprovar em Montevidéu o poder da convocação de sua nova embaixadora.

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