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Rebeca Grynspan: “Agora precisamos de dinheiro”

A secretária da Conferência Ibero-americana pretende unir sociedade civil e Universidade

Elisa Silió
A secretária ibero-americana, Rebeca Grynspan, nesta segunda-feira.
A secretária ibero-americana, Rebeca Grynspan, nesta segunda-feira.M. S. (EFE)

Em fevereiro passado, os 22 países da Conferência Ibero-Americana elegeram como secretária-geral Rebeca Grynspan (San José, Costa Rica, 1955). Ela sucede Enrique V. Iglesias, o único ocupante do cargo desde a criação desse organismo em 2005.

Pergunta. O programa ibero-americano de intercâmbio de estudantes é ideia sua ou já era cogitado há mais tempo?

Resposta. Eu comecei em abril, e esse programa é o meu desafio. Um dos meus planos é aumentar o vínculo entre sociedade civil e Universidade. No tocante à Educação, não basta fornecer recursos, é preciso fazer mais. A Europa possibilitou o acesso à Universidade e agora busca qualidade, mas nós, na América Latina, temos de fazer as duas coisas ao mesmo tempo: fazer com que todos os alunos possam ir à Universidade e, ao mesmo tempo, priorizar a qualidade das aulas.

P. Um dos atrativos de uma iniciativa semelhante, o Erasmus europeu, é aprender idiomas. Aqui, isso não acontece.

A. Não creio que seja um problema. Temos dois idiomas – espanhol e português – e uma cultura comum com a qual há muito a aprender. Além disso, com a mobilidade adquirem-se capacidades como saber relacionar-se, empreender ou comunicar-se.

P. Como se relacionará o seu Erasmus com o da Europa?

A. A União Europeia investe 73 milhões de euros (218 milhões de reais) por ano em intercâmbios com a América Latina. Gostaríamos que isso fosse feito através do Erasmus, o que seria em salto em relação ao que acontece atualmente. Ainda não nos sentamos para conversar.

P. As universidades latinas e suas escolas de negócios estão subindo posições em rankings internacionais. É o século da América Latina na educação?

A. Houve grandes progressos na educação primária e secundária e também no ensino superior. Brasil, Chile, México, Equador e Argentina mostram grandes avanços. Também houve progressos no Peru e na América Central, mas talvez a Ásia esteja ganhando a corrida. Ali o investimento econômico em ciência e educação é maior – ainda que nossos países se esforcem e cresçam de forma acelerada. A concorrência é grande porque o conhecimento se torna obsoleto rapidamente.

P. Você se preocupa com o fato de o setor privado dominar as universidades na América Latina?

R. Não. As universidades privadas de qualidade estão em países com ótimas universidades públicas. O conhecimento caminha sempre junto.

P. O seu desafio pode ser utópico, mas o Erasmus europeu começou assim, até mesmo com relutância de alguns países que o viram como ingerência de Bruxelas.

R. Eduardo Galeano nos dizia: “A utopia está lá no horizonte. Eu me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”. Agora o que é preciso é dinheiro.

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