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A América Latina terá seu próprio programa de intercâmbio de estudantes

Por volta de 200.000 latino-americanos se beneficiarão da experiência de se formar em um dos países da região até 2020

Em um primeiro momento, a ideia é conceder bolsas de 9.000 a 12.000 reais.
Em um primeiro momento, a ideia é conceder bolsas de 9.000 a 12.000 reais.

Desde os anos 90, os países ibero-americanos se esforçam para ampliar o acesso de classes menos favorecidas à universidade. Agora o objetivo do grupo é conseguir mais qualidade, passando pelo intercâmbio de conhecimento através da mobilidade de estudantes, professores e pesquisadores. Por isso, no mês de dezembro, os chefes de Estado da região acertaram dar forma ao seu plano de intercâmbio. A nova diretora da Secretaria Geral Ibero-Americana (Segib), Rebeca Grynspan, fez o anúncio durante o III Encontro Internacional de Reitores da Universia, a maior rede de universidades de fala hispânica e portuguesa.

O objetivo é que 200.000 pessoas tenham alguma experiência internacional até 2020

A intenção é que 200.000 ibero-americanos tenham uma experiência educativa internacional até 2020. Serão contemplados, para 2015 e 2016, inicialmente 25.000 estudantes, que serão os pioneiros do programa, ainda sem nome. "Para escolher o nome, talvez devêssemos abrir um concurso", brincou Grynspan.

Em épocas anteriores, já se falou de uma iniciativa desse tipo, mas não com a intenção política de agora. A referência continua sendo o programa Erasmus da Europa, que surgiu em 1987 para promover a construção europeia com centenas de estudantes, já passaram mais de três milhões de pessoas e que é considerado hoje o motor cultural do continente.

As bolsas serão de 9.000 euros, em média, para estadias de até seis meses

Em um primeiro momento, a ideia é conceder bolsas de 3.000 a 4.000 euros (9.000 a 12.000 reais) para estadias de até seis meses. Nos cursos que incluam estágios obrigatórios, serão incluídas as mesmas exigências. E o objetivo, a longo prazo, é estabelecer relações com o Erasmus europeu.

Em 2012, havia na América Latina 20 milhões de universitários, e a intenção é que esse número seja duplicado em 2025, se o programa conseguir todos os meios que necessita para ser financiado. Gryspan assegura que não quer centralizar todas as ajudas, mas conseguir apoio de instituições privadas. Ainda não existe um orçamento total definido, mas calcula-se que um montante de 270 milhões de reais tenha ainda que ser levantado junto ao setor privado, com empresas como Telefônica e Slim e o banco Santander – que, durante a cúpula de Guadalajara em 2010 (leia a respeito, em espanhol), se comprometeu a realizar um programa de mobilidade para 15.000 estudantes e 3.000 professores da América Ibérica durante quatro anos.

O Erasmus ibero-americano não seria possível sem o crescimento econômico latino-americano nos últimos anos. Atualmente, dois de cada três universitários pertencem à primeira geração familiar que tem acesso ao estudo de nível superior. "A América Latina é uma região que se vê com otimismo, onde, quase sem exceção, os países engordaram seus recursos orçamentários. Vários já tem gastos altos e outros são considerados emergentes. No G20, podemos citar o Brasil, o México e a Argentina".

O novo programa é o primeiro projeto global da Segib, mas já existem iniciativas individuais de grande porte. Na ponta dessas iniciativas está o Brasil, com o ambicioso programa Ciência sem fronteiras, que oferece em quatro anos 101.000 bolsas divididas entre três órgãos: 40.000 através do Ministério da Educação, 35.000 do Ciência e 26.000 de financiamento privado. Os destinatários são estudantes de graduação para passar alguns meses; doutorandos para realizar a tese em três anos; doutores para estadias de até dois anos ou tecnólogos para três meses. Em sentido inverso, jovens talentos e professores visitantes de outros países do mundo podem ficar alguns meses no Brasil após serem feitos acordos bilaterais.

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