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Boko Haram sequestra a mulher do vice-primeiro-ministro de Camarões

O Exército camaronês afirma que o sequestro ocorreu durante um ataque do grupo terrorista à residência de Amadou Ali

José Naranjo
Video difundido por Boko Haram.
Video difundido por Boko Haram.HO (AFP)

O grupo terrorista nigeriano Boko Haram levou ontem a cabo um ataque contra a residência do vice-primeiro-ministro de Camarões, Amadou Ali, situada na localidade da Kolofata (no norte do país, perto da fronteira com a Nigéria), e sequestrou a sua mulher, segundo fontes do Governo camaronês. Os fatos ocorreram na madrugada de domingo, quando 200 membros do grupo terrorista atacaram a casa de Ali, cuja família estava reunida para celebrar o fim do Ramadã. Ali conseguiu fugir, escoltado por seus guarda-costas. Os terroristas também sequestraram, em outra ação, um líder religioso local. Nos dois ataques, teriam morrido pelo menos três pessoas.

Nos últimos dias se intensificaram os ataques do Boko Haram em Camarões, principalmente depois que a Justiça do país condenou 14 pessoas suspeitas de pertencer ao grupo a penas entre 10 e 20 anos de prisão. Por tudo isso, Camarões mobilizou 2.000 soldados na fronteira, que são parte de um contingente multinacional integrado também por Chade, Níger e a própria Nigéria para tentar conter os ataques dessa organização fundamentalista islâmica.

Boko Haram, que na língua hausa significa “a educação ocidental é pecado”, está em guerra aberta com o Governo nigeriano desde 2009, quando seu líder, Abubakar Shekau, decidiu lançar uma ampla ofensiva de atentados para vingar a morte do chefe anterior da organização, Mohamed Yussuf. Deste então, milhares de pessoas morreram em uma espiral de violência que parece não ter fim, tanto nas mãos do Boko Haram como por causa da brutal repressão posta em marcha pelo Exército nigeriano. Estima-se que só na primeira metade deste ano o Boko Haram matou mais de 2.000 pessoas, segundo a organização internacional Human Rights Watch. O Governo nigeriano estima que nos últimos cinco anos foram mortas 12.000 pessoas nos ataques do grupo terrorista.

O Boko Haram foi o responsável, em abril, pelo sequestro de mais de 200 meninas estudantes na localidade nigeriana do Chibok, uma ação que chamou a atenção mundial para esse conflito durante alguns dias e ainda não foi resolvida. Embora algumas jovens tenham conseguido escapar, a imensa maioria continua em poder de seus captores, que pouco tempo depois aumentaram o total de reféns por meio de novos sequestros de jovens. Os sequestradores ameaçam vendê-las como escravas ou forçá-las a casar.

Os esforços do Governo nigeriano para localizar as reféns, até mesmo com a ajuda de peritos internacionais, foram em vão e o rastro de algumas delas se perde em países vizinhos, como Chade e Camarões, aonde teriam sido levadas para ser obrigadas a casar.

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