A China e o Brasil reforçam seus laços com 32 acordos econômicos
Os novos pactos contemplam a compra de aviões, a construção de infraestrutura e a participação em explorações petrolíferas, entre outras parcerias
Dois gigantes econômicos, pertencentes ao grupo de países emergentes, líderes indiscutíveis de sua zona de influência, o Brasil e a China reforçaram ainda mais os fortes laços que os unem. Em Brasília, após uma cerimônia solene na qual não faltaram os desfiles de lanceiros pelas avenidas futuristas desta capital, a presidenta brasileira, Dilma Rousseff e o presidente chinês, Xi Jinping, assinaram uma nota diplomática com 32 acordos. Existem alguns de teor cultural, como a ampliação do número de estudantes chineses no Brasil e o de brasileiros na China, mas a grande maioria dos pontos encobrem potencial para mover economias: compra de aviões, construção de instalações hidrelétricas, participação na construção de linhas ferroviárias, participação conjunta em explorações petrolíferas...
A China, segunda potência do planeta, é o maior parceiro econômico do Brasil. E o Brasil, a sétima potência, é destino dos principais investimentos chineses na América Latina. E a julgar pelo acordo assinado nesta quinta-feira (e pelas expressões de confiança e elogio mútuo por parte dos dois presidentes), esse intercâmbio econômico vai se intensificar.
Após a bateria de contratos assinados, a China se compromete a comprar, da gigante aeronáutica Embraer, 40 aviões comerciais para sua companhia aérea Tinanjin Airlines e outros 20 aviões pequenos, pagos pelo banco Industrial and Commercial Bank of China.
Por sua parte, os investimentos chineses no Brasil serão diversificados: o país participará, junto com empresas brasileiras, na construção de vias férreas vitais, como a que provavelmente unirá o Brasil e o Peru, dando uma saída assim para as exportações brasileiras até a Ásia. O capital chinês também servirá para construir uma fábrica de baterias recarregáveis para automóveis e ônibus elétricos, uma linha de “ultra alta tensão” em Belo Monte e uma central hidrelétrica no rio Tapajós, entre outras obras de infraestrutura. Não só isso: existem acordos de construção de satélites e acordos bancários, nos quais o dinheiro chinês virá para algumas instituições bancárias brasileiras.
Dilma Rousseff mencionou todos esses investimentos e depois prognosticou uma colaboração ainda mais estreita para os próximos anos. Lembrou que tanto a China como o Brasil são dois países que conseguiram crescer em meio à crise financeira e econômica que sacudiu o mundo. É verdade. Mas se a China parece se recuperar com um crescimento de 7,5%, o Brasil parece atolado em um medíocre crescimento de 1%, com o obstáculo de uma inflação que ronda o limite autoimposto pelo Governo, de 6,5%, e que ameaça atrasar sua economia.
A mandatária, acompanhada do presidente chinês, voltou a repetir o que já havia assegurado na terça-feira em Fortaleza, depois dos BRICS (bloco de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se comprometerem a criar um banco de desenvolvimento do consumo interno: “O mundo é diverso e multilateral, por isso são necessárias instituições multilaterais”, disse, aludindo que existe um futuro para além do FMI e do Banco Mundial (instituições criticadas pelos BRICS por considerarem que lhes faltam representatividade e eficácia). Contudo, também protegeu seu lado ao assegurar que o novo banco (e as alianças como a de Brasil-China) não nascem para estar "contra": “Não é uma reação. É uma criação”.
Do seu lado, o todo-poderoso presidente chinês manifestou sua vontade de prosseguir com os investimentos no Brasil, sobretudo em matéria de energia e infraestrutura. Também saudou novamente o impulso dado ao banco dos BRICS e, novamente, ao referir-se ao Brasil e a China, declarou que se encontraram “em uma situação chave em um mundo que vive um momento econômico delicado”.
A visita de três dias ao Brasil constitui a primeira etapa de uma viagem latino-americana que levará Xi Jinping, também, para a Argentina, Venezuela e Cuba. Por um lado, a viagem tem motivos políticos, já que o mandatário chinês tenta ampliar sua influência nas zonas nas quais a influência dos EUA fica mais fraca. A esse respeito, o anfitrião Brasil serviu de ponte, já que os BRICS se reuniram na quarta com os representantes dos países latino-americanos da UNASUL, que une os 12 países da América do Sul e nesta quinta, com os da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos).
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