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Obama impõe sanções a empresas-chaves para a economia russa

Os EUA consideram que o presidente Vladimir Putin fomenta a instabilidade no leste da Ucrânia

Um separatista russo com um tanque T-64 em Donetsk.
Um separatista russo com um tanque T-64 em Donetsk.MAXIM ZMEYEV (REUTERS)

Os Estados Unidos ampliaram nesta quarta-feira as sanções à Rússia por fomentar a instabilidade no leste na Ucrânia. A nova rodada, que se soma à suspensão de vistos e ao congelamento de ativos de pessoas do entorno do presidente russo, Vladimir Putin, afeta empresas-chaves dos setores energético, financeiro e armamentista.

As medidas, que coincidem com novas sanções, mais modestas, da União Europeia, não afetam a economia russa como o presidente americano, Barack Obama, havia ameaçado. Mas, representa um aumento à pressão sobre a Rússia de Putin, acusada pela Administração Obama de fornecer homens e armas aos rebeldes ucranianos.

O objetivo, disse Obama na Casa Branca ao anunciar as sanções, é que elas "tenham o máximo impacto sobre a Rússia, ao mesmo tempo em que os efeitos secundários sejam limitados" para as empresas norte-americanas e europeias. "O que esperamos é que, de novo, a liderança russa se dê conta de que suas ações na Ucrânia têm consequências, incluindo uma economia russa mais frágil e um isolamento diplomático crescente”, acrescentou.

Entre as empresas sancionadas, estão a petrolífera estatal Rosneft, a de gás privada Novatek, e os bancos Gazprombank – filial da empresa pública de gás Gazprom – e VEB. Tratam-se de alguns dos pilares do capitalismo estatal russo, ainda que a joia da coroa, a própria Gazprom, que é a maior empresa russa e que domina um quarto do consumo do setor em toda a Europa, tenha escapado das restrições.

As sanções limitam o acesso destas empresas ao mercado de capitais dos EUA, mas não bloqueiam seus ativos e nem impedem que a maioria das transações com elas.

No entanto, as medidas congelam os ativos de vários fabricantes de armas nos EUA, entre eles a Kalashnikov.

O presidente quer que Moscou "perceba que suas ações na Ucrânia têm consequências"

A lista inclui as chamadas República Popular de Lugansk e República Popular de Donetsk, que tomaram o controle de partes da Ucrânia, assim como Aleksandr Borodai, primeiro-ministro de Donetsk. No total, oito altos funcionários do Governo russo figuram na lista, entre eles Sergey Beseda, chefe do Quinto Serviço do FSB, sucessor da KGB.

"Junto a nossos aliados, com os quais me coordenei de perto nos últimos dias e semanas, repetidamente, deixei claro que a Rússia deve deter o fluxo de armas para a Ucrânia pela fronteira, que a Rússia deve urgir aos separatistas para que liberem os reféns e apoiem um cessar-fogo, que a Rússia deve aceitar um diálogo internacional e observadores na fronteira”, disse Obama.

"Até agora, a Rússia não deu nenhum dos passos que mencionei. De fato, o apoio da Rússia aos separatistas e a violação da soberania da Ucrânia continuam", completou o presidente americano.

Segundo o Departamento de Tesouro dos EUA, as represálias encarecerão o custo do isolamento econômico para a Rússia. Uma alta funcionária da administração disse que o Governo russo ainda está em tempo de evitar o dano se voltar atrás, deixar de ajudar os insurgentes e contribuir para a paz na Ucrânia.

As sanções chegam um dia depois de Obama falar por telefone com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Bem conectada com Putin, Merkel foi a interlocutora privilegiada do presidente dos EUA nesta crise, embora as revelações sobre o esquema de espionagem norte-americano na Alemanha tenham esfriado a relação entre os dois parceiros.

A distinta intensidade das sanções europeias e norte-americanas se explica, em parte, porque a economia europeia está muito mais conectada com a russa do que a dos EUA. A dependência do gás procedente da Rússia e os investimentos neste país provocam fortes resistências em alguns governos europeus e nas indústrias de países-chaves como a própria Alemanha.

Desde que a crise na Ucrânia explodiu, em fevereiro, Obama se esforçou para se coordenar com os europeus. Algumas das principais associações empresariais norte-americanas, como a Câmara de Comércio, preveniram a Administração Obama sobre o perigo de que as medidas unilaterais dos EUA em relação à Rússia acabassem abrindo espaço para competidores e prejudicando os interesses comerciais e econômicos dos Estados Unidos.

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