Cinco formas de fazer o Brasil acelerar... enquanto a China freia
Até 2030, a potência asiática baixará seu crescimento econômico para uma média de 5% ao ano
Em pouco mais de 30 anos, a China tirou 500 milhões de pessoas da pobreza e tornou-se a segunda maior economia e mercado importador do mundo, bem como a maior produtora e exportadora de bens manufaturados.
No entanto, em menos de duas décadas, essa trajetória de avanços colossais mudará de ritmo. Até 2030, a taxa de crescimento econômico anual reduzirá de 10% – média das três últimas décadas – para algo entre 3,5% e 6,9%. Isso é produto do envelhecimento da população e de um modelo de expansão econômica que se pretende mais “qualitativo” do que quantitativo.
Levando-se em conta que a China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil e as relações entre os dois países devem se estreitar ainda mais a partir desta semana, na Cúpula dos BRICS, surge a pergunta: essa desaceleração é ruim para o gigante sul-americano? Não necessariamente, na opinião de cinco especialistas reunidos em Brasília para o lançamento do estudo Implicações de uma China em Transformação: Oportunidades para o Brasil?, do Banco Mundial.
A seguir, veja cinco maneiras como o Brasil pode beneficiar dessa nova fase da superpotência asiática.
1. Fazer com que os produtos brasileiros sejam os preferidos da China
Mesmo em meio à desaceleração econômica, o mercado consumidor chinês vai continuar aumentando até 2030, o que impulsionará as importações, principalmente de alimentos e outros produtos agrícolas. É justamente essa demanda que fará as exportações brasileiras para a China crescerem entre 8% e 12% ao ano. Esse número supera a média mundial, estimada entre 6% e 9% por ano. O Brasil também pode aproveitar a oportunidade para...
2. ...Equilibrar o 'Made in China' com o 'Feito no Brasil'
Atualmente, o Brasil exporta cerca de 1.200 produtos para a China. E importa dela aproximadamente 3.500 itens. "Além disso, as exportações brasileiras para a China são bem menos sofisticadas que suas importações", aponta o economista Jorge Araújo, do Banco Mundial, um dos autores de Implicações de uma China em Transformação. É uma assimetria vista em outros países latino-americanos que fazem comércio com a China, como México e Argentina. O estudo aponta uma série de oportunidades para o Brasil vender produtos e serviços bem mais sofisticados (maquinário e químicos, contabilidade e auditoria, por exemplo). Mas, para isso, é preciso...
3. ...Produzir mais trabalhadores qualificados e aumentar a competitividade
“Nunca tivemos e jamais teremos tantos jovens no Brasil: são 51 milhões atualmente”, comentou Marcelo Néri, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, participante da reunião em Brasília. Investir em educação e ciência para essa população agora significa criar trabalhadores mais qualificados, aumentando a possibilidade de exportar produtos e serviços mais complexos em 2030. Da mesma forma, melhorar a infraestrutura de portos, rodovias, ferrovias e aeroportos permitirá que esses itens cheguem à China mais rapidamente e por um preço competitivo. “Finalmente, é importante discutir uma reforma tributária que diminua o custo Brasil”, insiste Jorge Araújo. Mais do que se reformar por dentro, no entanto, é fundamental o Brasil...
4. ...Melhorar o ambiente de comércio com a China
Segundo o novo estudo do Banco Mundial, o aumento de tarifas impostas pela China aos produtos brasileiros pode ser um dos motivos pelos quais o país sul-americano não tem sido capaz de diversificar suas exportações. Por outro lado, uma redução nessas barreiras beneficiaria ambos os países. “Isso envolveria discutir tarifas mais baixas e eliminar subsídios, incentivos tributários para setores específicos e exigências de conteúdo local, pois essas medidas contribuiriam ao crescimento da produtividade por meio de maior exposição à concorrência”, defende o estudo. “De forma semelhante, no caso de práticas comerciais desleais, essas teriam que ser resolvidas também”. E, finalmente...
5. Exportar o que o Brasil sabe sobre programas sociais
Esse assunto não é citado no estudo do Banco, mas empolga especialistas como Marcelo Néri. “Sempre ouço dos chineses perguntas sobre o Bolsa Família. Eles têm muito interesse”, conta. Afinal, o programa contribuiu para baixar os índices de extrema pobreza de 9,7% para 4,3% na última década, enquanto os números de desigualdade social da China oscilaram nesse período. Este ano, o Brasil lançou com o Banco Mundial uma rede global de exportação de conhecimentos contra a pobreza, que justamente pode apoiar a China nessa fase de desenvolvimento mais inclusivo.
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