Israel detém 80 palestinos pelo desaparecimento de três jovens judeus
A autoridade palestina assegura que são mais de 100 e que há pelo menos sete parlamentares do Hamas entre os presos
O primeiro ministro de Israel, o conservador Benjamin Netanyahu, acusou no domingo o grupo islâmico palestino Hamas de ter sequestrado três jovens judeus quando voltavam de suas aulas de religião em uma colônia israelense na Cisjordânia, na quinta-feira à noite. Netanyahu falou em inglês, para atrair a atenção internacional. Neste fim de semana, as forças de segurança israelenses detiveram mais de 80 palestinos por envolvimento com os desaparecimentos. Está em andamento um amplo esquema militar e policial de busca, com o qual também colaboram as forças de segurança palestinas na Cisjordânia. As pesquisas se concentram nesse território palestino e sobretudo na zona de Hebron, mas o Exército também restringiu os acessos à Faixa de Gaza.
No sábado, Netanyahu tinha responsabilizado o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pelo sequestro, acusando-o de ter “aberto a porta” da Cisjordânia ao grupo islâmico. O Hamas e o partido de Abbas, o Al Fatah, chegaram a um acordo de reconciliação em abril passado. Há pouco mais de uma semana apresentaram um novo Governo de unidade. Querem acabar com sete anos de divisão entre a Cisjordânia, governada pelo Al Fatah, e a Faixa de Gaza, controlada pelos islâmicos.
Netanyahu garantiu que o crime é “consequência” desse acordo entre os palestinos, que pretendem convocar eleições unitárias nos próximos meses. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), da qual a Al Fatah é integrante, taxou de “racistas” as declarações de Netanyahu, acusado de procurar pretextos para dar continuidade a sua política de assentamentos.
Entre os detidos em toda a Cisjordânia depois do sequestro estão parlamentares, religiosos e outros dirigentes do Hamas. Os palestinos garantem que são mais de 100 presos. Na noite passada, a aviação israelense bombardeou também seis alvos em Gaza, oficialmente em resposta a ataques recentes com mísseis desde a faixa palestina.
Os sequestrados são Gilad Shaer e Naftali Frankel, ambos de 16 anos, e Eyal Yifrach, de 19 anos. Frankel também tem nacionalidade norte-americana. Só um deles vivia na colônia israelense na Cisjordânia, mas os três estavam pedindo carona na zona do assentamento de Gush Etzion, na chamada zona C da Cisjordânia, sob o controle de Israel. As aulas talmúdicas de onde voltavam são ministradas em assentamentos judaicos. Segundo se soube no domingo à tarde, um deles conseguiu falar com a polícia pelo telefone depois das dez da noite de quinta-feira: “Nos sequestraram”, disse.
A Autoridade Nacional Palestina se exime da responsabilidade pela segurança das colônias israelenses. O Hamas, por sua vez, aprovou o sequestro, mas até o momento não assumiu sua autoria. Outras reivindicações, como a publicada por um grupo que se diz parte do Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL), continuam sem confirmação.
Netanyahu pediu a seus ministros que sejam comedidos ao falar do sequestro. Naftali Bennet, ministro da Economia e porta-voz da ultradireita nacionalista israelense, ignorou o pedido tanto no Facebook como durante uma visita, no domingo, ao povoado de um dos garotos, Nof Ayalon. Ele fez coro a seu colega de Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, que disse em uma entrevista que Israel “não libertará presos” em troca da liberdade dos sequestrados. Em 2011, Israel libertou mil prisioneiros palestinos em troca do soldado Guilad Shalit, depois de cinco anos cativo do Hamas em Gaza.
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