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Uma quadrilha sequestra um jornalista em Acapulco

Uma dúzia de homens armados sequestram a Jorge Torres Palacios, diretor de Comunicación Social do porto mexicano

Marcha contra as agressões a jornalistas em março.
Marcha contra as agressões a jornalistas em março.S. RUIZ

Ocorreu na quinta-feira ao entardecer. Um grupo de homens armados sequestraram o jornalista e servidor público Jorge Torres Palacios quando chegava em sua casa. Eram 19h40. Ainda havia luz do dia. Torres Palacios, que é chefe de comunicação social da Diretoria Municipal de Saúde de Acapulco (Guerreiro, na costa pacífica do país), abria a porta de sua casa quando 12 pessoas o amordaçaram, o amarraram e o levaram. Assim relataram testemunhas. E, desde ontem, ninguém sabe mais.

O bando que sequestrou Torres estava em três carros: uma caminhonete, um VW Beetle e um Pointer. O prefeito de Acapulco, Luis Walton Aburto, condenou o crime por meio de seu Twitter e anunciou que colaboravam com as autoridades para o localizar.

Antes de trabalhar na área de comunicação do Governo de Acapulco, Torres era correspondente da Televisa, para o periódico Novedades e para uma rede local de Guerrero.

Desde 2010, 31 jornalistas foram assassinados no México

A Lei para a Proteção de Defensores dos Direitos Humanos e jornalistas foi aprovada no Congresso mexicano em junho de 2012 e foi comemorada pela Oficina do Alta Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Não obstante, jornalistas que recorreram ao organismo denunciaram falhas em seu funcionamento. Mario Segura, o primeiro jornalista inscrito no mecanismo, contava em abril que o mecanismo não funcionava, que a ajuda era praticamente inexistente e que o trato que recebia era prepotente e tardio. Segura, que trabalhava como repórter e editor em Tamaulipas, um dos estados mais perigosos do país, combinava seu paupérrimo salário com o ofício de palhaço em festas infantis. Sequestraram-no e ameaçaram. Atualmente encontra-se em um lugar seguro cuja localização não é divulgada por sua própria segurança, apoiado pela organização Artículo 19. Não voltou a exercer o jornalismo.

Também neste ano, o sequestro de Gregorio Jiménez de la Cruz, um humilde jornalista de Veracruz que cobrava 20 pesos por crônica em Coatzacoalcos (cerca de 3,40 reais), comoveu ao sindicato mexicano e provocou uma inédita onda de solidariedade motivada pelo coletivo Periodistas da Pie e os próprios colegas de Gregorio (“Dom Goyo” para seus mais próximos). A esperança de achá-lo vivo acabou cedo. Encontraram-no em uma fossa, mutilado, com sinais de tortura. O Governo de Veracruz, seu Estado, afirmou que sua morte se devia a “um assunto pessoal” e que não tinha a ver com seu ofício. A promotoria veracruzana anunciou ontem que tinha “provas contundentes” de que os seis presos pelo caso são culpados, ainda que eles não tenham ido a julgamento algum até a data. No México, 98,2% dos assassinatos permanecem impunes segundo dados de 2012 do Instituto Nacional de Estatística e Geografia.

O desaparecimento de Torres Palacios é uma a mais no rosário de ameaças e ataques que vivem quem se dedica ao jornalismo e comunicação em México. O país é considerado um dos mais perigosos do mundo para exercer este ofício, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, com a Síria, o Iraque e o Afeganistão. Desde 2010, 31 jornalistas foram assassinados.

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